A crise econômica global freou o avanço da classe média em 2009. Houve uma queda mais acentuada ao longo do primeiro trimestre do ano passado e, em dezembro, ocorreu uma recuperação, voltando ao mesmo nível do fim de 2008. Essa é a principal conclusão de pesquisa divulgada na quarta-feira (10), pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O levantamento mostra que a classe C, com renda entre R$ 1.115 e R$ 4.807, abrangia 53,81% dos brasileiros antes da chegada da crise financeira internacional, há dois anos. O percentual ficou praticamente estável e fechou 2009 com 53,58% da população. Essa faixa de renda vinha crescendo desde 2004 – quando representava 42,99% dos brasileiros

De acordo com a pesquisa, nos últimos seis anos, a classe C incorporou 32 milhões de pessoas, um aumento de 26% nessa faixa. O avanço, em termos percentuais, é menor do que o crescimento das classes A e B (com renda acima de R$ 4.807), que foi de mais de 50% entre 2003 e 2009.

“Nem tsunami, nem marolinha. Ressaca pesada”, disse o economista Marcelo Neri, responsável pela pesquisa, sobre os efeitos das turbulências econômicas iniciadas em setembro de 2008. “Todo mundo perdeu um pouco do que ganhou. A melhor descrição para 2009 é uma revolução de 360º [graus], com as classes voltando ao mesmo lugar. O dado positivo é que parou o avanço, mas não houve retrocesso.”

Dentre as faixas de renda mais baixas, a classe D, com vencimentos entre R$ 804 e R$ 1.115, avançou de 13,18%, em dezembro de 2008, para 13,37%, em dezembro de 2009. A classe E, com renda de até R$ 804 por mês, teve uma pequena queda de 17,68% para 17,42%.

Neri espera a retomada da classe média e projeta um cenário otimista ao calcular que o país vai manter um ritmo de crescimento médio de 5% ao ano, equivalente à taxa do período compreendido entre 2003 e 2008, segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) utilizadas como base para o estudo da FGV.

“Até 2014, as classes A, B e C, com um pouco de distribuição de renda no país, podem incorporar 36 milhões de pessoas – o equivalente à metade da população da França – que, junto com os 32 milhões que foram incorporados antes da crise, resulta em quase 66 milhões de pessoas no mercado consumidor do país”, acrescentou.

O economista também destaca a força das periferias no aquecimento do consumo e na retomada do crescimento. “Isso [a nova classe média, formada pelas classes A, B e C] foram nosso verdadeiro Pelé contra a crise externa. É verdade que esse Pelé se contundiu em janeiro do ano passado, mas agora está em forma e pode botar o Brasil para crescer a boas taxas.”

Agência Brasil / Isabela Vieira
Edição: Lana Cristina

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