Integrante da União Europeia desde 1973, o Reino Unido está prestes a oficializar sua saída do bloco econômico. A decisão foi tomada em um referendo que teve um resultado apertado, com 51,9% dos eleitores favoráveis à mudança, uma diferença de apenas 1,2 milhão de votos.

O referendo não é vinculante, ou seja, a palavra final ainda será dada pelo Parlamento. No entanto, mesmo que a maioria dos deputados seja contra a saída do Reino Unido da União Europeia, a tendência é que eles respeitem a vontade popular e aprovem a retirada.

Apesar disso, nada será decidido em silêncio. Os parlamentares que eram favoráveis à permanência prometem se articular para incluir nas negociações com a União Europeia a permanência do Reino Unido no mercado europeu.

O primeiro-ministro David Cameron, que lançou a consulta para cumprir uma promessa de campanha e chegou a falar que ficaria no cargo independentemente do resultado, não demorou a anunciar sua renúncia. Com isso, fica para o próximo premiê a dura tarefa de lidar com essa delicada situação.

Consequências para o Reino Unido e para a União Europeia

As consequências dessa debandada britânica ainda não são claras, até porque não há precedentes para ter como base. Porém, especialistas do Reino Unido e até mesmo o importante jornal inglês The Economist alertam para um futuro nada animador para o país, com possível recessão e desemprego. Eles dizem que há possibilidades de respingos na “frágil economia mundial.”

Antes mesmo da divulgação do resultado da votação, o mercado já reagia de forma negativa. A libra esterlina, moeda britânica, caiu ao pior nível desde 1985. Na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos as bolsas de valores sofreram alguns impactos.

Para agravar a situação, o resultado pode desencadear ainda em um desmembramento do Reino Unido. Na Escócia, a maioria do eleitorado votou pela permanência na União Europeia. Com isso, as lideranças do país voltam a falar em independência, o que também pode trazer consequências para a economia inglesa.

Entre os outros membros da União Europeia, o temor é de que a decisão decisão dos britânicos provoque uma reação em cadeia. Grupos e partidos nacionalistas de países como França e Holanda comemoraram o resultado do referendo e já se aninam para replicar a consulta.

A saída de outros países e o enfraquecimento do bloco traria consequências para o comércio exterior do Brasil. O país exportou, em 2015, US$ 33,9 bilhões, 17% do total de suas exportações. Se isso tiver de ser revisto, as complicações podem ser grandes.

Repercussão no Brasil

De acordo com Reuters, presidente interino Michel Temer afirmou que o Brasil vai verificar os possíveis impactos econômicos desta decisão sobre o país e que não cabe a ele discutir decisões tomadas pelos britânicos.

Com informações da Reuters, G1 e The Economist