Independência política e independência econômica
Apesar de independente e soberano politicamente, o Brasil não é independente na economia. Num mundo capitalista e globalizado, ninguém é. Foto: Images Money/Flickr

 

Na última segunda-feira, 7, foram comemorados os 193 anos do brado retumbante do imperador Dom Pedro I, que deu início à emancipação política do Brasil como um país autônomo e soberano. A independência do país nesse sentido, contudo, mesmo que tenha culminado na instauração da república 67 anos depois, em 1889, nada tem a ver com isolacionismo. Por mais que o país seja uma nação soberana hoje em dia, tais conquistas não o desvencilham de responsabilidades diplomáticas e econômicas. Principalmente se houver o desejo de continuar inserido numa sociedade capitalista globalizada e desenvolvida.

Outros países também não estão livres disso, não importa se são endividados, credores ou as duas coisas. A independência política é a que permite a cada país ter as próprias leis, fronteiras bem definidas, poder político estabelecido e parcerias políticas e econômicas.

Depois da revolução industrial, em meados do século 19, a conexão cultural e econômica das nações iniciou a globalização, processo que veio a ser fortalecido no século 20 por duas guerras mundiais. Pela Segunda, principalmente. Em 1944, durante as conferências de Bretton Woods, surgiram dois dos principais credores de dívidas externas até hoje: o Banco Mundial, composto pelo Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento e pela Associação Internacional de Desenvolvimento; e o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma das organizações mais poderosas do planeta, com sede nos Estados Unidos e dirigida pela francesa Christine Lagarde.

O FMI voltou à tona durante a crise na Europa e na Grécia, nos últimos tempos. Essas instituições foram criadas inicialmente com o propósito de reconstrução tanto estrutural como do sistema monetário dos países que sofreram os efeitos da guerra na década de 1940. A Organização das Nações Unidas (ONU) também foi criada na época com objetivos de paz mundial, direito internacional, segurança, desenvolvimento econômico e progresso.

Para entender melhor o sistema de dívidas públicas que rege a grande maioria dos países do mundo, confira nosso especial sobre o tema.

De lá pra cá, com os objetivos superados, estes fundos e reservas internacionais acabaram formando as principais conexões econômicas entre os países. Os acordos intergovernamentais estabeleceram os principais blocos econômicos do mundo com objetivos de derrubar barreiras de comércio entre os países-membros. Estes blocos podem ser formados por proximidade geográfica, tendenciais regionais ou simplesmente integração econômica.

Mercosul

Criado em 1991, o Mercado Comum do Sul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai. O grupo tem zona livre de comércio desde 1995 e é visto por muitos analistas como uma forma de união sul-americana contra influências econômicas dos Estados Unidos, além da integração regional e da abertura comercial entre os membros.

União Europeia

Encabeçada por Alemanha, França e Inglaterra, a união entre os países iniciada com o fim da Segunda Guerra conta hoje com 27 países-membros e também com um mercado comum. Existe muita confusão com a UE e a Zona do Euro, ou Eurozona. Apesar de todos os países do bloco usufruírem do livre comércio, não são todos que utilizam a moeda unificada. O euro é a moeda corrente em 19 países atualmente. Com o calote grego por conta da crise, neste ano, veio à tona a possibilidade da Grécia sair do grupo, o que acabou não se concretizando.

Nafta

É o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, formado em 1991 e considerado um dos blocos mais desiguais do mundo, por ser composto pelo Canadá, Estados Unidos (a maior economia do mundo) e pelo México (um país emergente bem mais pobre que os outros dois). O acordo elimina as barreiras comerciais como impostos de importação e facilita a movimentação de produtos e serviços entre os países, além de promover condições ditas mais justas para a competição. Os críticos ao Nafta, contudo, ressaltam o quanto a diferenciação nos níveis de economia é nociva à economia mexicana. Principalmente na produção agrícola que, por conta do acordo, faz com que os subsídios agrícolas americanos pressionem injustamente os preços da produção dos países membros.

Parcerias político-econômicas

Uma das características recorrentes de qualquer um destes blocos é a derrubada de fronteiras e tributos de importação e exportação entre os países. Existem alguns grandes grupos bem estabelecidos, contudo, que mesmo não tento um tratado aberto tratando de decisões financeiras, são ligados por força política e acabam sendo decisivos dentro da economia.

G7 (G8)

O “grupo dos sete” foi criado na década de 1970 e reúne os países mais industrializados e economicamente desenvolvidos do planeta: Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido. A Rússia entrou mais tarde, em 1990, e fez parte do grupo até 2014, quando foi excluída por conta de sanções aplicadas depois da anexação da Criméia. A cúpula do grupo acontece anualmente e discute, além de projetos para o desenvolvimento, temas como meio-ambiente e segurança.

G20

O grupo é formado por ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Foi criado em 1999 depois de suscetivas crises financeiras internacionais que ocorreram nos anos 1990 para favorecer a negociação internacional e integrar o diálogo entre os membros. Fazem parte do grupo dos 20: África do Sul, Argentina, Brasil, México, Canadá, Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, Alemanha, França, Itália, Rússia, Reino Unido e Austrália. Além de um representante da União Europeia representando outros países do grupo não inclusos entre as grandes economias.

BRICS

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são os membros fundadores do bloco que é uma aliança entre os países emergentes de maior expressão no planeta. Foi formado em meados de 2005, apesar da primeira cúpula só ter acontecido em 2009. Mesmo não sendo considerado um bloco econômico ainda, muitos especialistas afirmam que isso deve acontecer mais cedo ou mais tarde, principalmente depois da consolidação do banco de desenvolvimento do grupo, em julho deste ano.

A maior crítica a todos os grupos citados é a de que, principalmente nos casos do G7 e do G20, um pequeno grupo decide o futuro e as políticas sociais e globais de todos os países do mundo, mesmo indiretamente. Em um sistema capitalista global, quando tais entidades decidem por seguir ou não medidas sociais, ecológicas ou econômicas, o mundo acaba sendo levado por elas muitas vezes sem ter voz em tais decisões. Entre os princípios do G20, por exemplo, estão temas polêmicos, como condições de trabalho flexíveis, privatização e liberalização do comércio global.

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