Após a escalada vivida em meio ao agravamento da crise de 2008, os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) começam a demonstrar perda de fôlego. Além de os juros básicos terem entrado em um ciclo de reduções, o “desespero’’ dos bancos para captar recursos, que elevou as taxas pagas pelos CDBs, se arrefeceu. Os juros médios oferecidos pelos CDBs começam a se afastar dos picos registrados entre setembro e dezembro passado. Mesmo que fevereiro tenha sido um mês atípico – além de ter menos dias úteis, sofreu com os feriados de Carnaval –, com os CDBs dando na média 0,81%, os analistas não acham que as taxas da aplicação retomem os patamares de poucos meses atrás.

Para este mês, a projeção do mercado é que os CDBs retornem ao patamar de 0,90%, mas ainda bem abaixo dos níveis recentes. Em outubro passado, a taxa média da aplicação atingiu seu topo, ao ficar em 1,11% ao mês. Essas taxas são apenas um parâmetro e se referem à média das principais instituições financeiras, calculada pelo BC.

Mesmo com a tendência de queda na rentabilidade, o CDB ainda é visto como boa opção por alguns investidores. O engenheiro eletricista curitibano Rolf Gustavo Meyer investiu R$ 55 mil em CDB pós-fixado há seis meses e não se arrepende. “Foi uma forma de diversificar meus investimentos, pois tenho ações e outros fundos de renda fixa. Cogitei a poupança, mas o CDB está sendo mais rentável”, declara.

De acordo com o engenheiro, um novo investidor precisa pesquisar as cotações. “Há bastante diferença entre as instituições financeiras, mas dá para conseguir boas taxas, porque mesmo com a Selic em queda os juros ainda são altos”, diz.

Como o CDB é um título emitido por um banco, seu risco está totalmente atrelado à saúde da instituição financeira. Por isso, analistas aconselham sempre adquirir um CDB de um banco mais tradicional. Samir Bazzi, professor de Administração Financeira da FAE Centro Universitário reforça a vantagem de o CDB ser protegido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). “No caso de a instituição financeira quebrar, os clientes que tem investido até R$60 mil têm o dinheiro protegido pelo FGC”, explica o Bazzi. (DN)

Cada banco analisa o perfil do cliente, o volume que será aplicado e o prazo da operação para definir a taxa que oferecerá. “As taxas não devem retornar ao nível do ano passado, porque estão ligadas à tendência de queda da Selic. Para encontrar juros razoáveis o investidor precisa ter critérios para avaliar a instituição que oferece o melhor retorno”, diz Samir Bazzi, professor de Administração Financeira da FAE Centro Universitário.

O que se viu no ano passado, principalmente depois do agravamento da crise financeira mundial, em setembro, foram os bancos com dificuldade cada vez maior para captar recursos. Nesse cenário, uma opção foi elevar as taxas oferecidas pelos CDBs e aumentar a demanda por essa aplicação. Os CDBs são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos e oferecidos a seus clientes. Tanto as pequenas como as maiores instituições financeiras do país ofertam CDBs e passaram a pagar juros mais elevados nos últimos meses de 2008. Os investidores não deixaram a oportunidade passar, e o resultado foi o expressivo salto no estoque de CDBs.

Segundo dados levantados pela Cetip (empresa que administra o mercado de títulos de renda fixa públicos e privados), o estoque dos CDBs cresceu 106,5% no ano passado, indo a R$ 681,51 bilhões. Nos cinco anos anteriores, essa expansão ocorreu a um ritmo bem menos intenso, numa média de 15% ao ano. Os bancos necessitam captar recursos para ter capital e conceder empréstimos a seus clientes.

No segundo semestre do ano passado, primeiro os bancos encontraram dificuldades para levantar recursos no mercado internacional, uma importante fonte buscada nos últimos anos. Depois, os canais mais tradicionais oferecidos pelo mercado de capitais brasileiro, como as emissões de ações e de debêntures, também esfriaram.

A saída dos bancos para não diminuir os montantes de crédito oferecido foi vender mais CDBs. “Os juros dos CDBs têm caído em relação ao que alcançaram em 2008. Mas ainda continuam sendo uma alternativa interessante. Não podemos esquecer que não cobram taxa de administração’’, diz Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Ibmec-SP.

Os fundos de investimento cobram uma taxa de administração, destinada a pagar o trabalho dos gestores, que costuma oscilar entre 1% e 4%. As aplicações de varejo, que exigem menor valor inicial de investimento, normalmente cobram as taxas mais elevadas.

Uma taxa de 1% ou 2% pode não parecer muita coisa, mas no atual cenário de juros em queda, representa uma fatia elevada dos ganhos. “A dica para o investidor é comparar o risco e a rentabilidade. Acredito que a aplicação em CDBs ainda é boa, mas recomendo que o investidor procure pelo CDB prefixado, para segurar o rendimento com a taxa atual”, diz Ali Mohamed Abrão, diretor executivo do Centro de Estudos em Finanças, Investimentos e Negócios (Cefin).

Daliane Nogueira, com agências – Gazeta do Povo

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