A transição para a sociedade da informação é, sem dúvida, o acontecimento que está revolucionando o século XXI. Não se trata de uma questão meramente tecnológica, como ainda acreditam alguns desavisados, pois o impacto das mudanças está afetando a organização da Economia e da Sociedade.

De acordo com Abraham Sicsu, “o elemento chave da dinâmica econômica da chamada ‘nova economia’ não é simplesmente a informação, ou o conhecimento codificado; depende de um complexo processo de aprendizagem, envolvendo a mobilização, por exemplo, no que se refere ao desenvolvimento, em base local, de um conjunto de atores sociais, a partir de arranjos institucionais para os quais é fundamental a ação das autoridades públicas e Universidades. A mobilização do conhecimento tácito exige a troca e o contato diretos entre os trabalhadores, intelectuais e, portanto, uma concentração espacial dos recursos humanos capazes de interagir, através de redes formais ou informais, articulando conhecimentos e unificando códigos”.

O surgimento de uma “cadeia do conhecimento” abrangendo o conjunto das universidades e outras instituições ligadas à produção científica e tecnológica articulada às atividades produtivas num mesmo espaço geográfico, foi considerado pelos autores do artigo citado como uma tendência necessária às políticas de desenvolvimento regional. Os autores mencionam ainda “a possibilidade de uma cadeia de conhecimento única, onde cada um de seus elos com o setor produtivo cria uma esfera pública setorial, constituída de indivíduos, trabalhadores intelectuais, que interagem num espaço comum de comunicação produtiva, mesclando as lógicas acadêmica, mercantil e pública”.

Certamente a maioria dos nossos colegas economistas, dentro de suas áreas de atuação específicas, utilizam os instrumentos tecnológicos disponíveis, interagindo em redes locais, regionais, nacionais ou internacionais.

Todavia, temas como Capitalismo Financeiro, Políticas Públicas, Desenvolvimento Sustentável e as próprias transformações sócio econômicas geradas pelas TICs, que constituem o macro tema da Economia do Conhecimento, só para citar alguns exemplos, são elos externos às cadeias setoriais, locais ou regionais, mas determinantes para a construção de uma macro “Rede Nacional de Economia” ou um “Centro de Inteligência em Economia Nacional”. Uma rede que pode ampliar as formulações dos seus usuários através da troca de informações com redes específicas locais, setoriais, regionais, nacionais, internacionais.

Ao interagir com as redes, os profissionais têm a chance de estabelecer contatos, parcerias, divulgar, aperfeiçoar ou simplesmente, aprofundar o seu trabalho, potencializando seu conhecimento. Esta é a possibilidade que se abriu com a Economia do Conhecimento. O novo século que se inicia, traz uma mudança inimaginável.

Por outro lado, percebo nos colegas, muita preocupação com a redução da procura pelos cursos de Economia e, por outro lado, a percepção, pelos professores, da necessidade de adequação dos currículos, visto que o setor público, outrora um grande absorvedor de economistas, principalmente, para as atividades de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas, está passando por uma reestruturação de eficiência, meramente administrativa, onde são priorizadas as técnicas de gestão e controle de resultados de curto prazo.

Enfim, com exceção dos notáveis ou daqueles que exercem funções compatíveis em alguns redutos ainda existentes no setor público ou em instituições de pesquisa públicas ou privadas, ou que já se estabeleceram como consultores, para a grande maioria, a profissão perdeu seu status, na medida em que muitas das atribuições que eram específicas do economista são hoje executadas por profissionais de diferentes áreas.

A proposta da criação de uma Rede Nacional de Economia oferece a possibilidade de valorizar o profissional economista e redefinir o futuro da profissão. A análise econômica é imprescindível para as discussões das políticas públicas ou de investimentos, já que os argumentos técnicos têm sua base de sustentação apenas após o estudo da sua viabilidade econômica. Nós mesmos estamos assistindo frequentemente, pela mídia, debates longuíssimos, desgastantes, que poderiam ser facilmente resolvidos à luz da racionalidade econômica.

Este período de transição para a sociedade da informação pode ser melhor aproveitado por nossa categoria. É preciso lembrar que somos poucos. O número de economistas é bem reduzido se comparado ao de outras profissões. Por isso, poucos economistas participam das discussões das comissões do congresso nacional ou das câmaras legislativas estaduais ou municipais ou mesmo de comitês regionais. Às vezes, economistas aparecem como convidados nestes lugares representando instituições públicas ou como palestrantes.

A oportunidade da troca de argumentos, formulações estratégicas através da rede, certamente funcionará como indutor de algumas adaptações curriculares, à medida que a Rede Nacional de Economia abrir campos para novas áreas de pesquisa mais sintonizadas com as necessidades do mundo real.

O estudante terá a oportunidade de vivenciar situações reais, em contato direto com profissionais atuantes, empresários, líderes de movimentos sociais, que irão lhe proporcionar maiores motivações para definir sua área de atuação. Certamente os estudantes também irão se interessar em ajudar no gerenciamento da rede, que pode vir a ser uma atividade extra curricular.

Uma Rede Nacional de Economia, se bem articulada, pode dar uma enorme projeção à categoria. Fica evidente que uma rede tão abrangente, mesclando as lógicas acadêmica, mercantil e pública, deve estar associada a uma instituição com a credibilidade do Conselho Federal de Economia e dos Conselhos Regionais de Economia.

Talvez os colegas ponderem sobre a complexidade dessa proposta. Concordo plenamente, trata-se de um projeto de grande envergadura. Mas a Economia é uma ciência social, por isso a sua amplitude. Gosto muito da frase que alguns colegas utilizam: “é uma profissão de múltiplas possibilidades”.

Por outro lado, a formação da rede é um trabalho que pode ser iniciado pouco a pouco, com partes de um dos macro temas. Não é necessário ter pressa porque estamos inaugurando uma nova era onde nós todos, querendo ou não, estaremos conectados todo o tempo.

Fonte: Cofecon: Alcione Ribeiro de Castro – Conselheira do CORECON-MG

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