O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (12), em Paris, que o G8 – grupo que reúne os sete países desenvolvidos mais a Rússia – está morto. “Não sei como ele vai ser enterrado, mas o G8 morreu”. “No mundo de hoje, o grupo dos oito países mais ricos do mundo não representa mais nada”, completou, na saída de uma palestra comemorativa aos dez anos do departamento de Mercosul na universidade francesa Science Po, para uma platéia de estudantes.

Amorim debateu com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, as perspectivas para o mundo pós-crise. O chanceler brasileiro analisou que países como o Brasil, que diversificaram as exportações, sofreram menos o impacto da crise, e reafirmou a crença brasileira de que a solução para o comércio mundial passa por negociações multilaterais, notadamente as rodadas de negociação da OMC.

Lamy, que ressaltou a importância dos países em desenvolvimento, fez uma previsão otimista de arrefecimento para a crise financeira mundial, a partir de 2010. Ele lembrou que momentos críticos como o atual tendem a reforçar o protecionismo, mas avaliou que, de maneira geral, o mundo tem agido com bom-senso e evitado esta pressão pela fechada dos mercados. Ele também insistiu na necessidade de se concluir a chamada Rodada Doha, que debate a redução das barreiras comerciais e o estímulo à criação de zonas de livre comércio. “80% já foi feito”, disse ele. “Faltam os 20% mais difíceis”.

Celso Amorim avaliou que as decisões tomadas hoje pelo grupo dos oito países mais poderosos do mundo não podem mais prescindir da opinião dos países em desenvolvimento. Ele afirmou que, para muitos temas, o G20 (grupo de 20 países emergentes criado nas discussões da OMC) tem hoje uma representatividade mais efetiva do que o G8. “Estamos entrando num tempo de governança variável, em que vários grupos diferentes vão se formar de acordo com áreas de interesse.”

Amorim elogiou a posição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de propor um desarmamento nuclear mundial. “Pode soar poético, mas é factível a longo prazo. Antes se falava em não proliferação e controle das armas nucleares, mas a proposta de eliminação total das armas nucleares é totalmente inédito”, afirmou.

Carolina Nogueira – Especial para a EBC

Agência Brasil

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