A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) começou ontem (9) com as mesmas incertezas do encontro anterior, em outubro, quando o colegiado optou por manter os juros básicos em 13,75% ao ano. A avaliação é do economista Newton Rosa, da Sul América Investimentos.
Para ele e outros analistas de mercado, ainda não há clareza sobre do impacto da crise financeira internacional na atividade econômica brasileira e no câmbio. A alta do dólar faz com que o investimento e a compra de produtos importados fiquem mais caros, o que pode gerar inflação, explicou economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC.

De acordo com os analistas, a crise deve levar o país a crescer menos no próximo ano, o que reduz a inflação. “Ainda não se sabe até que ponto a desaceleração econômica vai compensar a alta do câmbio”, afirmou Newton Rosa.

O economista salientou que há sinais de redução atividade industrial, como divulgado recentemente, “mas não dá para afirmar que a trajetória será de redução”. Outro fator que pode compensar a alta do câmbio é a redução dos preços das commodities no mercado internacional, que vinha pressionado a inflação, no período anterior ao agravamento da crise financeira internacional.

No próximo ano, na análise do economista, após ter dados mais claros sobre o impacto da crise no Brasil, é possível que o Copom reduza os juros. Em novembro, houve sinais de que a inflação pode cair, por conta da descaleração econômica. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,36 % em novembro, resultado 0,09 ponto percentual inferior à taxa registrada em outubro (0,45%). No acumulado acumulado de janeiro a novembro deste ano, o IPCA alcançou 5,61%.

O centro da meta de inflação, perseguida pelo BC e medida pelo IPCA, é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Ou seja, o limite superior da meta é de 6,5%. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) também apresentou recuou em novembro, mas influenciadao pela queda de preços no atacado.

Mesmo com essas indicações de redução na inflação, Freitas também considera que o Copom não deve reduzir juros para analisar melhor o comportamento do câmbio, que tem estado muito “volátil”. “O Copom deve levar pelo menos dois meses para ver essa questão do dólar”, opinou.

Além disso, na opinião de Freitas, o Copom deve esperar ainda para avaliar o impacto das medidas para melhorar a liquidez (dinheiro disponível com facilidade no mercado). A crise levou à redução do crédito e por isso o BC liberou compulsórios (depósitos que os bancos são obrigados a deixar no BC) e facilitou o redesconto (empréstimos da autoridade monetária às instituições financeiras), na expectativa de estimular os financiamentos entre os bancos e para o setor produtivo. Outra medida adotada pelo Ministério da Fazenda foi o adiamento de recolhimento de tributos.

Para Newton Rosa, essas medidas, para “desemboçar a liquidez e manter a economia atuando”, não são contraditórias à política de juros a 13,75% ao ano. “Com a Selic, o Banco Central está olhando à inflação. O compromisso dele é com a inflação”, argumentou. Na opinião de Freitas, mesmo com pressões para reduzir os juros, que veio até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o BC não deve ceder. “O Copom sempre resiste a pressões. É o papel dele. Cabe ao presidente do Banco Central [Henrique Meirelles] explicar o que fez e porque fez”, disse.

A última reunião do Copom do ano inicia-se hoje à tarde e terá continuidade amanhã, quando será anunciada a taxa básica de juros. A expectativa dos analistas de mercado é de manutenção da Selic.

Agência Brasil / Kelly Oliveira

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