A desaceleração da economia brasileira, e seus impactos sobre o consumo e a produção, criaram um “espaço adicional” para a redução da taxa básica de juros no Brasil. Essa é a avaliação do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que divulgou nesta quinta-feira (19) a ata da reunião da semana passada, quando a taxa Selic foi reduzida de 12,75% ao ano para 11,25% ao ano.

Em janeiro, em sua primeira reunião neste ano, o BC reduziu a taxa básica de juros em 1 ponto percentual e indicou que as quedas seguintes seriam menores. O desaquecimento da economia e o aumento do desemprego, no entanto, levaram o Copom a fazer um corte ainda maior na reunião da semana passada. Agora, os economistas já esperam uma taxa de juros abaixo de 10% no final do ano e projetam um crescimento de 0,59% para a economia brasileira em 2009.

De acordo com o BC, o desaquecimento da demanda dos consumidores criou uma “importante margem de ociosidade” nas empresas, o que “deve contribuir para conter as pressões inflacionárias” e abrir “espaço para flexibilização da política monetária.” No último trimestre de 2008, a economia brasileira teve uma retração de 3,6% e registrou queda no consumo dos brasileiros, dado que influenciou a decisão do BC.

Na ata, o BC destaca que o crescimento do país irá depender cada vez mais da expansão da massa salarial real e dos efeitos dos programas de transferências governamentais, que devem ser incrementados, neste ano.

Inflação

Contribuiu também para a queda dos juros o fato de as projeções de inflação feitas pelo BC terem caído em relação àquelas feitas na reunião de janeiro. Agora, todas elas se encontram abaixo da meta de 4,5%, tanto para 2009 como para 2010.

Apesar da alta da inflação registrada em fevereiro em relação a janeiro, apontada por alguns indicadores já divulgados, o BC afirmou que os dados de março devem mostrar nova desaceleração nos preços. Por isso, apesar de seguir “cauteloso”, o Copom avalia que o ciclo de alta da inflação registrado entre 2007 e 2008 será superado, apesar de uma resistência maior dos preços administrados, como aluguéis e tarifas.

“O conjunto das informações disponíveis sugere que o ciclo inflacionário observado nos últimos trimestres tende a ser superado, gradativamente, em processo que deve ser liderado pelo comportamento dos preços livres, uma vez que a inflação dos preços administrados deve mostrar maior persistência.”

Gasolina

O BC reafirmou que segue prevendo a possibilidade de queda no preço da gasolina, o que está sendo estudado pela Petrobras. Mesmo assim, mantém a previsão de que o preço fique inalterado, assim como no caso do gás de botijão. A projeção de reajuste das tarifas de telefonia fixa foi mantida em 5,0%. Para a eletricidade, caiu de 8,1% para 7,6%. Para o conjunto de preços administrados, a expectativa se manteve em 5,5% para 2009 e 4,8% para 2010.

Crise internacional

Em relação à crise internacional, o BC destaca que a visão atualmente dominante aponta para contração da economia mundial em 2009, com recuperação apenas em 2010. “As projeções consensuais apontam para retração intensa da atividade nos EUA, Europa e Japão, que não seria totalmente compensada pelos bolsões de dinamismo econômico existentes entre as economias emergentes”, afirmou o Copom.

Para o BC, os efeitos da crise financeira internacional sobre o Brasil, embora não sejam permanentes, podem atrasar a recuperação da economia ao longo dos próximos meses. “As influências contracionistas da crise financeira internacional sobre o dinamismo da economia doméstica e, consequentemente, sobre o contexto no qual tem atuado a política monetária, ainda que não permanentes, podem se mostrar persistentes.”

Folha Online

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