O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou nesta segunda-feira (21), que haverá uma integração entre Brasil e Argentina na área de petróleo e gás. Ele se reuniu, na capital paulista, com a ministra argentina da Produção, Débora Giorgi.

Segundo ele, o país vizinho tem tradição e capacidade tanto com grandes equipamentos como no fornecimento de peças e componentes para a indústria com produção por pequenas e médias empresas. “É o que nós também procuraremos fazer no Brasil, vamos aprofundar isso para o pré-sal, para que possamos ter um maior volume de produção local”.

Miguel Jorge disse, ainda, que os dois países continuarão a realizar um levantamento sobre a indústria naval na qual pode ser realizada a integração, com o envolvimento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A agência, ele informou, vai trabalhar com organismos argentinos para fazer um levantamento das possibilidades de integração produtiva nessa área.

A reunião também serviu para que os dois ministros fizessem uma avaliação do comércio bilateral, nos oito últimos meses. “Apesar da crise forte no comércio mundial, nós prevemos que chegaremos a US$ 21 bilhões de fluxo comercial entre os dois países, até o final do ano. Longe dos US$ 30 milhões que tivemos o ano passado, mas numa situação bastante diferente em termos de economia e de produção que tivemos nos dois países com o impacto da crise. A atividade econômica se reduziu em vários setores, tanto no Brasil quanto na Argentina, mas os números de US$ 7 bilhões de exportações do Brasil para a Argentina e de US$ 6,8 bilhões da Argentina para o Brasil também são importantes”, constatou.

O ministro disse que os acordos setoriais feitos entre Brasil e Argentina – nos setores de madeira, calçados e papel – caminham bem, apesar dos problemas conjunturais e pontuais que enfrentam com relação às licenças não automáticas de importação implantadas pela Argentina. “Mas elas se referem a questões muito pontuais, especialmente ligadas ao setor de autopeças, com as exportações direcionadas para o setor de reposição da Argentina. O mercado de produção da indústria Argentina está absolutamente abastecido, de maneira normal”, afirmou Miguel Jorge.

Ainda de acordo com ele, os dois países estabeleceram na reunião uma espécie de caminho rápido para resolver questões pontuais no que se refere ao comércio bilateral. “Funcionários dos ministérios da Produção [argentino] e do Desenvolvimento e Comércio Exterior [brasileiro] vão ter quantas reuniões forem necessárias para discutir e encontrar soluções para questões pontuais e eventuais acasos que possam haver no caso de licenças não automáticas”, disse.

Segundo o ministério, entre os itens que esbarram no licenciamento não automático, ao entrar na Argentina, estão: calçados, papel, estão bens de informática e tecnologia, bens de capital, borracha, ferramentas, linha branca, metalurgia, móveis, eletroportáteis, têxtil e vestuário. Ao todo, esses produtos são responsáveis por US$ 754 bilhões das exportações brasileiras para a Argentina.

Ficou decidido também que os dois ministros vão se reunir a cada dois meses para avaliar o andamento do relacionamento comercial entre Brasil e Argentina.

Agência Brasil / Flávia Albuquerque
Edição: Lana Cristina

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