O ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou hoje (26) ao diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, números da economia brasileira, e voltou a ressaltar que o país é um dos poucos a não enfrentar problemas de crescimento após a crise financeira mundial do ano passado, ao contrário do que vem ocorrendo em várias nações, inclusive as desenvolvidas.

Em relação à crise na Europa, o ministro chegou a sugerir que, para aumentar a competitividade dos países da região, fosse criado um programa nos moldes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Não chego a ponto de propor um PAC para os países europeus, mas é isso que eles precisam. Com um ajuste fiscal importante.”

Na sua avaliação, o destaque da economia brasileira no cenário internacional é resultado das políticas adotadas pelo governo para enfrentar a crise. “O que observamos, na economia brasileira, é o resultado das políticas que nós fizemos e, portanto, no primeiro trimestre deste ano, teremos um crescimento bem maior, porque as políticas para combater a crise ainda estavam exercendo seus efeitos”, disse.

Mantega voltou a afirmar que, a partir do segundo semestre, haverá uma desaceleração da economia, justamente devido à retirada dos estímulos fiscais e monetários.

A estimativa do ministro é de que a economia cresça entre 2% e 2,5% no primeiro trimestre e, a partir deste período, o país volte a reduzir o crescimento, com a retirada dos incentivos, entre eles os dos setores automotivo e de eletrodomésticos (redução do Imposto sobre Produtos Industrializados). “Portanto, do ponto de vista da economia brasileira, caminhamos para o crescimento sustentável, onde o segundo semestre terá um crescimento menor do que o primeiro e terminaremos o ano com crescimento entre 5,5% e 6%”, estimou.

Mantega afirmou que a inflação já dá sinais de arrefecimento, pois a principal causa da elevação dos índices, que são os alimentos, tem dado sinais de recuo. “Teremos uma trajetória positiva na questão da inflação.”

No âmbito fiscal, Mantega disse ao presidente do FMI que a situação do Brasil é uma das melhores de mundo, com o país caminhando para um superávit de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. “Somos um dos poucos países do mundo cujo déficit é descendente e cuja dívida cresceu apenas em 2009 [durante a crise] e voltará a cair a partir de 2010”, enfatizou.

Strauss-Kahn e Mantega analisaram ainda as turbulências na zona do euro, com os problemas no fluxo de capitais [entrada e saída de moeda estrangeira].

De acordo com o ministro a crise é localizada, e, embora traga problemas para o mundo, no Brasil, as consequências são consideradas pequenas e se restringem justamente à diminuição do fluxo de capitais. Os dois avaliaram, porém, que, quando as medidas dos países europeus, para resolver a crise, forem efetivamente adotadas, “haverá um refluxo do pânico que existe nos mercados”.

O ministro defendeu que a solução na zona do euro não deve ser restrita a um ajuste fiscal clássico, apenas com cortes de gastos públicos. Mas sim com estímulos ao crescimento da economia nos países afetados pela crise, incluindo a elevação de renda para o pagamento das dívidas contraídas. “O reajuste não pode se resumir àquele que era sugerido no passado pelo FMI”, afirmou.

Mantega voltou a reivindicar uma maior participação dos países emergentes nas decisões do FMI. Segundo ele, esses países estão sub-representados na instituição. “É mais que justo que esses países que estão colocando recursos no fundo, como é o caso do Brasil, que possam ter uma participação aumentada. Que [essa participação, do Brasil] seja próxima à nossa participação em relação ao PIB mundial”, defendeu.

Daniel Lima / Agência Brasil
Edição: Lana Cristina

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