Burocracia excessiva, corrupção, atraso em investimentos em infra-strutura e ineficiência da força de trabalho são alguns dos fatores que dificultam o ambiente de negócios no país, de acordo com o Relatório de Competitividade Brasil 2009 do Fórum Econômico Mundial. O documento foi lançado ontem (16), último dia da edição latino-americana do Fórum.

“Os fatores que geram mais problemas para o Brasil são históricos”, resume Carlos Arruda, professor de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral, instituição co-responsável pelo relatório.

O país está em 64º lugar entre os 134 que constam do ranking de competitividade global do Fórum de 2008-2009, o que revela uma piora em relação ao período 2005-2006, quando o Brasil ocupava o 59º lugar no Índice de Competitividade Global.
Entre os chamados doze pilares de competitividade, o pior desempenho é o da estabilidade macroeconômica (122ª posição no ranking mundial). O ambiente institucional também está entre as grandes desvantagens do país (91º lugar).

“Temos no Brasil uma história de instituições frágeis e uma tradição de clientelismo. Isso vem sendo superado, mas ainda estamos na adolescência, não somos confiáveis nem aos olhos externos nem sequer no nosso próprio julgamento”, avaliou Cláudia Costin, secretária de Educação no município do Rio de Janeiro, que também contribuiu com o relatório.

O fortalecimento das instituições, segundo ela, é essencial para a promoção da competitividade. Nesse sentido, é necessário enfrentar questões como desperdício de dinheiro público, corrupção, má gestão pública, falta de transparência na formulação de políticas públicas, falta de independência das agências reguladoras e baixa qualidade do ensino básico, com ênfase excessiva em humanidades em detrimento da formação técnica.

“Um plano de ação para promover a competitividade deve continuar consolidando a democracia e o império da lei, desburocratizar o Estado agressivamente, desenvolver instrumentos para medir o impacto das políticas públicas, continuar combatendo a pirataria e profissionalizar as agências reguladoras para garantir sua independência”, enumera.

Cita, ainda, fatores como a definição clara dos papéis dos governos federal, estadual e municipal, o realização da reforma política e a universalização do acesso ao ensino médio, entre outros.

Coordenador do Núcleo de Infra-estrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, defende mais investimentos em infra-estrutura. No seu entendimento, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal não dá conta das demandas do país. “O PAC não vai resolver nossa questão de crescimento. Ele não vai acelerar nada, é um programa de recuperação de crescimento”, avalia.

Como exemplo, menciona que a necessidade do país em linhas de distribuição de energia, por exemplo, é de investimentos da ordem de US$ 10 bilhões, e o PAC prevê apenas US$ 5,6 bilhões. Em rodovias, o PAC prevê US$ 14 bilhões, frente a uma necessidade de US$ 25 bilhões. Em portos, há investimentos previstos de US$ 5 bilhões e são necessários US$ 15 bilhões.

“Os projetos de infra-estrutura precisam ter continuidade no longo prazo, não interessa quem será o próximo presidente do Brasil”, recomendou Paulo Resende.

Apesar das carências, o Relatório de Competitividade do Fórum Econômico Mundial revela que o Brasil tem, como pontos a seu favor, a capacidade de inovação e, principalmente, o tamanho do mercado.

“Apesar de todos os problemas institucionais, o Brasil é um país atraente para investimentos, é um país favorável aos negócios tanto das empresas estrangeiras quanto brasileiras”, concluiu o professor de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral Carlos Arruda.

Agência Brasil / Mylena Fiori

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