Consumo planejado

Em alguns textos da nossa série sobre educação financeira já enfrentamos alguns dilemas, como quando falamos da necessidade de manter o equilíbrio entre razão e emoção e também ao analisar nossa relação com o dinheiro. Hoje, o nosso objetivo é inserir mais um item nessa discussão: o consumo planejado, em que o foco está no impasse entre o querer e o poder.

Mais uma vez queremos que você entenda que nosso objetivo não é fazer você parar de comprar, pois não é errado. O consumo atende nossas necessidades e desejos e é o que possibilita que alcancemos sonhos, como a compra de uma casa ou a realização de uma viagem. Nossa proposta é fazer você pensar no que está comprando, para que não gaste dinheiro com coisas dispensáveis ou acabe se endividando de maneira irresponsável.

Por isso, no texto de hoje, vamos mostrar os benefícios que o consumo planejado pode trazer para a sua vida financeira e emocional. Isso mesmo, ter o controle sobre o próprio dinheiro e saber que ele não vai faltar é um passo importante para manter a sensação de bem-estar e, consequentemente, uma boa qualidade de vida.

O que significa fazer um consumo planejado

Como já falamos, planejar não é restringir. Então, consumir de forma planejada e consciente não significa limitar gastos ou parar de comprar. O que estamos falando aqui é fazer mais daquilo que você mais gosta e é relevante para sua vida e menos daquilo que não trará nenhum retorno significativo para o seu dia a dia.

Quando você opta por fazer um consumo planejado quer dizer que está pronta para consumir mais, por meio da potencialização do dinheiro, e melhor, pela eliminação de desperdícios. Está em dúvida sobre como isso tudo acontece? Falando parece coisa da bolsa de valores, mas é mais próxima da nossa rotina do que parece, você vai ver.

Quando você paga uma conta em dia e evita a cobrança de juros e multa por atraso, por exemplo, está potencializando seu dinheiro. Ao fechar a torneira enquanto escova os dentes ou lava a louça ou desligar as luzes em locais vazios, está consumindo melhor. E vai daí por diante, até chegar ao ponto em que você economiza para comprar algo à vista, evitando os juros que são cobrados nos financiamentos e podendo até ganhar um desconto pelo pagamento no ato da compra.

Viu como não há nada de extraordinário em potencializar o dinheiro e evitar desperdícios? É preciso apenas parar um pouco e pensar em como você está usando seu dinheiro e se pode, de alguma forma, valorizar um pouco mais o que você ganha. Claro, isso vai exigir uma mudança de hábitos, mas não custa nada reduzir o banho em alguns minutos e esperar o volume de roupas aumentar para lavá-las na máquina, não é mesmo?

Vantagens de planejar o consumo

O melhor de fazer um consumo planejado é colher os bons frutos que ele oferece. Pode não parecer uma diferença enorme R$ 20 a menos na conta de energia e R$ 10 na de água por mês, mas somando tudo, no fim do ano você vai ter economizado R$ 360. Esse valor pode ser revertido em um bom presente de Natal, entrar para a conta das festas de fim de ano ou simplesmente garantir que você entrará o novo ano com saldo positivo no banco e a consciência tranquila.

Os benefícios, claro, não se resumem a isso. As pessoas que conseguem realmente planejar seu consumo obtém uma série de vantagens. Conheça algumas delas:

  • Monitorar o próprio endividamento: o cidadão consciente de suas receitas e despesas pode controlar seus gastos muito melhor. Mesmo que surja algum imprevisto, ele consegue resolvê-lo mais rápido do que outro que não planeja seu consumo, evitando, assim, que um pequeno problema se transforme em uma grande bola de neve.
  • Aumentar o patrimônio: a pessoa que consome de maneira planejada tem mais condições de destinar parte de sua renda para algum investimento, garantindo, assim, o aumento do seu patrimônio.
  • Reduzir gastos desnecessários: quando um cidadão planeja seu consumo, ele sabe o que precisa ou não comprar em qualquer situação. Isso faz com que ele aproveite sempre os melhores preços e evite gastos desnecessários. O supermercado é um ótimo exemplo. Quando colocamos na lista tudo o que precisamos, não teremos que ir na padaria ou na mercearia mais pŕoxima para buscar algo que está faltando e cujo preço é duas vezes maior.
  • Utilizar os juros a seu favor: já falamos sobre isso aqui no blog. Os juros nem sempre são o vilão da história. Se você não paga as contas em dia e faz várias compras parceladas, os juros não são bem-vistos, pois encarecem seus gastos. No entanto, ao ter um consumo planejado, você consegue poupar e receber os rendimentos, fazendo os juros trabalharem a seu favor.
  • Potencializar os recursos disponíveis: por meio de ações como pesquisar preços, negociar descontos ou aproveitar oportunidades como a sazonalidade e a baixa temporada, você pode aumentar o valor do seu dinheiro, fazendo com que uma mesma quantia seja capaz de comprar muito mais.

Dificuldades para planejar o próprio consumo

Apesar das vantagens de ter um consumo planejado, sabemos que nem todo mundo consegue estabelecer rotinas para esse propósito. E longe de nós julgarmos isso como um problema, pois entendemos que é difícil mesmo transformar algo em um hábito de uma hora para outra. Ainda mais que sabemos que existem justificativas para agir por impulso, desde questões pessoais até históricas.

Vamos começar pela histórica. Por muitos anos, o Brasil viveu um período de hiperinflação, que só foi acabar mesmo com o Plano Real em 1994. Os adultos de hoje viveram sua infância e adolescência dentro de um sistema em que o dinheiro não tinha praticamente valor, pois o que ele comprava de manhã, já não comprava à tarde. A remarcação de preços em supermercados e lojas era diário.

Naquela época, não fazia sentido guardar o dinheiro ou esperar para fazer uma compra à vista, por exemplo. Assim que as pessoas pegavam seu salário, já compravam o que precisavam antes que ele desvalorizasse. O tempo passou, hoje a inflação está controlada ― ainda há alguns problemas, claro, mas nada comparado ao período anterior ao Plano Real ―, mas ainda há pessoas que seguem a mesma lógica. Podemos chamar isso de memória inflacionária. A forma de combatê-la é estudar um pouco e entender que as coisas na área econômica evoluíram bastante de lá pra cá.

A falta de conhecimento também é apontada como uma das dificuldades relacionadas às questões pessoais. Existem muitas pessoas que não têm acesso a informações simples e práticas sobre o seu próprio dinheiro. Recebem seu salário no banco, retiram e gastam, sem nem pensar direito no que estão fazendo.

Você já deve ter ouvido histórias de pessoas que estão muito endividados por causa de empréstimos consignados, certo? Muitas delas caem na lábia dessas financeiras de esquina que oferecem um valor alto de empréstimo com parcelas bem pequenas. Só esquecem de avisar que as parcelas são quase infinitas e que, no fim, o cidadão vai pagar muito mais do que o dobro do que recebeu.

Infelizmente, quando o assunto são as finanças pessoais, os brasileiros não são bem servidos. Não há uma cultura de discutir o que é melhor ou não entre familiares e amigos, na escola ou no trabalho. Porém, não dá para usar isso como desculpa. Agora que você está acompanhando a nossa série aqui n’O Economista, já sabe que é possível ter total controle sobre o seu dinheiro, não é mesmo?

Para fechar o assunto dificuldade, temos a busca pelo prazer imediato. Essa situação acontece, normalmente, para compensar algum problema. Por exemplo: briga com a namorada e vai tomar cerveja com os amigos; discute com a mãe e sai para comprar roupas; acorda de mau humor e resolve dar uma passadinha no shopping para animar.

A dica aqui é: deixe a carteira e os cartões em casa e saia para uma caminhada. Esfriar a cabeça e pensar é o melhor remédio. Não deixe uma discussão ou uma noite mal dormida interromper sua jornada em busca de um vida financeira equilibrada. Foque no seu planejamento de consumo, vai valer a pena, você vai ver!

Esperamos que você tenha gostado do artigo de hoje e realmente pare para pensar em como está agindo em relação a seus recursos financeiros. Nosso objetivo não é fazer você ganhar o seu primeiro milhão, como muita propaganda por aí. O que queremos é que você viva bem com aquilo que você tem e que, cada dia mais, busque conhecimento para ter uma vida tranquila e equilibrada.

E, claro, conte com a gente. Sempre disponibilizamos conteúdos novos em nosso blog e também temos os nossos materiais especiais, que podem ajudar você a descobrir por onde começar a organizar suas finanças.

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