O ano de 2008 será lembrado por muitos como o ano em que poderosas instituições foram colocadas a prova e muitas delas reprovaram, algumas irão reprovar e outras não sabem do tamanho real do problema a enfrentar. Mas por que não fizeram a lição de casa?

Vamos aos fatos:

A bolha imobiliária

Há algum tempo a história da crise imobiliária norte americana é noticiada mundo afora. Porém, uma euforia extraordinária fez com que muitos não admitissem que o pior pudesse acontecer.

A história e não a estória começa assim: Era uma vez um país forte (EUA) que vivia economicamente feliz: juros baixos e crédito farto – que possibilitaram uma grande valorização de seus imóveis. Seus habitantes, empolgados com tanta fartura, tomaram coragem e refinanciaram suas hipotecas. Com o valor obtido foram as compras, sem se preocupar com nenhum tipo de poupança para eventuais imprevistos.

E aí se deu início a um grande ciclo vicioso:
– Cidadão refinanciou sua hipoteca;
– Os bancos criaram títulos “garantidos pelas hipotecas” e venderam para os investidores;
– Os investidores criaram outros títulos “garantidos pelos títulos dos bancos” e venderam mais uma vez;
– Em pouco tempo o sistema financeiro ficou tomado por títulos originados nas hipotecas do cidadão.

Mas a economia é uma caixinha de surpresas…

Ou melhor, a falta de atenção com a economia é a grande provocadora de surpresas – normalmente desagradáveis. Eis que os ventos mudaram, a inflação norte americana começou a subir e os juros foram aumentados para combatê-la. O preço dos imóveis (supervalorizados) também cairam fazendo com que as mensalidades das hipotecas tivessem seus valores ampliados. O cidadão, que não esperava imprevistos negativos, passou a não pagar as prestações. A inadimplência das hipotecas aumentou e os títulos gerados por elas perderam valor. Os bancos ficaram com um grande volume de títulos podres e o pior começou aconteceu.

Vamos quebrar tudo…

Instituições financeiras quebraram ou que se submeteram a incorporações humilhantes. Gigantes financeiros começaram a ruir, outros ainda vão ser colocados à prova.

O medo de calotes criou uma trava nos empréstimos e a falta de confiança tornou-se o grande problema.
Desconfiança, incertezas e problemas levam as bolsas a cair. Caem porque o investidor sai da bolsa em busca de algo mais garantido. Quando um sai não é problema, quando muitos saem ao mesmo tempo é sinal de problema sério. É o que nós economistas chamamos de efeito manada. Quem já viu uma boiada correndo sabe do que estou falando. Os bois estão lá, correndo para o mesmo lugar, mas não sabem o porquê.

O problema dos Estados Unidos é de todos nós…

Goste ou não goste dos Estados Unidos a regra que parece valer atualmente é: ruim com eles, pior sem eles. Esse é o custo de se viver em uma economia globalizada: a crise norte americana ganhou proporções mundiais e os países demoram a fazer alguma coisa de efetivo. Resultado: angústia no mercado financeiro internacional.

Antídotos para o mal

Não é fácil combater algo que você não pode dimensionar. O pacote de ajuda anunciado pelo governo americano tornou-se uma ação obrigatória (mesmo que discutível) para evitar o pior. A doença é mundial e os médicos (bancos centrais e suas equipes) precisam agir de forma integrada.

A prescrição básica: aumentar a liquidez e a confiança do mercado financeiro.

E nós?

O Brasil não está blindado como dizem alguns por aí. Vivemos uma situação boa que também foi financiada pela euforia do mercado internacional. Não só nós, mas todos os países emergentes se apropriaram dos benefícios da bolha.

A subida do dólar se explica com uma palavra: medo. O medo faz os investidores comprarem mais dólares para se proteger (por tratar-se de uma moeda mais segura que as demais). As empresas compram dólares com medo de não conseguirem cumprir seus pagamentos em moeda estrangeira. A lei de mercado é implacável: procura maior que a oferta significa aumento de preço do que se quer comprar (nesse caso o dólar).

O dinheiro internacional ficou mais caro e difícil de ser conquistado. Isso quer dizer que nossas empresas terão dificuldades para captar valores para manter o crescimento dos negócios e sustentar as exportações.

Os investidores que aplicam em títulos (ações) de países emergentes (como o Brasil) vendem para obter recursos para cobrir perdas no exterior ou investir em aplicações mais seguras. Ou seja, com muita gente vendendo as ações, os papéis de nossas empresas perdem valor. Para você que investe na bolsa tenha cautela, sair agora provavelmente não é a melhor alternativa. Vale o básico para o investidor em ações: não seja imediatista e lembre-se que o risco de investir em ações é alto. A tempestade irá passar.

* Não esquecer que crise também é momento de oportunidades.

Professor Celso Ricardo Salazar Valentim
Economista, Empresário e responsável pelo Blog O Economista.
www.oeconomista.com.br

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