Bruce Nussbaum: ponto forte do Brasil é que há produção interna.
Bruce Nussbaum: ponto forte do Brasil é que há produção interna. Foto: André Kopsch.

A crise no Brasil é menos forte do que parece, quem souber lidar com ela pode sair fortalecido e as chances de conquistar oportunidades durante este período são mais positivas do que nos Estados Unidos, por exemplo. Este é um resumo da visão de três especialistas internacionais sobre a economia brasileira: John Shulman, presidente da Alignor e co-fundador do Centro para Negociação e Justiça dos EUA, Hitendra Patel, diretor-executivo do IXL Center of Innovation e Bruce Nussbaum, professor de inovação e design na Parsons The New School for Design.

Todos os três foram palestrantes da 13ª edição da Expogestão, que aconteceu de 27 a 29 de maio em Joinville (SC). Em entrevista, eles falaram sobre a percepção internacional a respeito da economia brasileira e as oportunidades que as empresas podem buscar com base no momento atual: temas, inclusive, que basearam a fala dos especialistas no congresso.

Para Nussbaum, por exemplo, a insegurança econômica vivida no Brasil tem cunho muito mais político: “Todos esses escândalos [de corrupção] acabam influenciando a confiança dos investidores no país”. No entanto, para ele, a corrupção nem sempre é algo ruim: “Existe a boa corrupção e a má corrupção. A boa corrupção você paga e as coisas acontecem: as pontes são construídas, as escolas são feitas. Mas o ruim é mesmo a corrupção em que você paga e nada acontece”. Essa visão, no entanto, não foi compartilhada pelos colegas de evento. “Preciso deixar uma coisa clara: esta é a visão do Bruce, não minha”, disse Shulman entre risadas. Patel reforçou a discordância: “A corrupção é errada. Completamente errada”.

Hitendra Patel: o foco deve ser investimento em tecnologia e inovação. Foto: André Kopsch.
Hitendra Patel: o foco deve ser investimento em tecnologia e inovação. Foto: André Kopsch.

Patel citou o exemplo da Colômbia. Segundo ele, o país sul-americano só conseguiu reverter a crise interna após se livrar da corrupção. Hoje, afirmou, é um país pujante. Para o Brasil, receitou, o foco deve ser o investimento em tecnologia e inovação: “O custo de produção no Brasil cresceu muito nos últimos anos e deixou o país pouco competitivo. Mas agora, com a mudança drástica no câmbio, quem exporta tem bastante chance de ter lucro. Por isso, tem setores que vão estar felizes com a situação do câmbio e tem setores que nem tanto”.

John Shulman: Brasil vai avançar na medida em que souber se relacionar com outros países. Foto: André Kopsch.
John Shulman: Brasil vai avançar na medida em que souber se relacionar com outros países. Foto: André Kopsch.

Shulman defendeu que o momento de instabilidade vai inspirar “muitas, mas importantes discussões” no ambiente empresarial, e que isso será importante para que as empresas sobrevivam à crise. Para Shulman, ela deve durar em torno de três anos. Após isso, caberá ao país saber se relacionar. Ele afirmou que o grande desafio é a hegemonia norte-americana. Em sua visão, os EUA tentam ter o controle de tudo, e citou as investigações em torno da FIFA como exemplo de que o país de Barack Obama procura controlar organizações internacionais e a economia global.

No entanto, um grande desafio que os norte-americanos estão enfrentando e os põem em desvantagem, ao contrário do Brasil, por exemplo, é a questão da produção. Nussbaum afirmou que os EUA investiram na mão de obra barata da China, que cresceu, segundo ele, 500% nos últimos anos, tornando tudo muito custoso. “Agora para trazer de volta é extremamente complicado e muito difícil”, avaliou. “O ponto forte do Brasil é que aqui ainda se fabrica, faz aqui, e isso é uma oportunidade”, disse.

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