O desempenho da indústria no mês de março indica uma certa recuperação do setor, mas ainda insuficiente para compensar as perdas acumuladas desde o fim do ano passado. A avaliação é do técnico da Coordenação da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo. De acordo com dados divulgados hoje (5), a produção industrial cresceu 0,7% em março, na comparação com fevereiro, mas acumula no primeiro trimestre do ano queda de 7,9% em relação ao trimestre anterior.

“Esse crescimento de março é o terceiro positivo depois de um período de perdas significativas. Nos últimos três meses, a indústria acumula expansão de 4,8%, mas não se pode dizer que essa trajetória positiva representa uma recuperação absoluta, porque não consegue reverter toda a perda verificada desde setembro do ano passado”, afirmou.

Macedo alertou ainda que é preciso cautela ao avaliar os resultados positivos do mês, porque na comparação com igual período do ano passado, os recuos verificados ainda são muito fortes, embora tenham perdido intensidade nos últimos meses. A queda em março de 2009 em relação a março de 2008 foi de 10%, menor do que as perdas de fevereiro (-16,8%), janeiro (-17,5%) e dezembro (-14,7%) neste mesmo tipo de comparação.

Ele destacou, também, que o desempenho pode ter sido favorecido pelo chamado efeito calendário, pois o mês de março deste ano contou com dois dias úteis a mais do que em igual período do ano passado.

O técnico do IBGE ressaltou ainda que a liderança do crescimento da indústria continua sendo exercida pelo setor de veículos automotores, cuja produção aumentou 56,5% desde dezembro, quando o governo determinou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a venda de carros. Na passagem de fevereiro para março, o ramo teve alta de 7%, mas em relação ao mesmo mês de 2008 registrou queda de 18,5%.

Segundo André Macedo, “esse é um fato importante não apenas pelo peso que ele tem na estrutura industrial, mas também pelo fator de multiplicação da expansão na cadeia produtiva que ele é capaz de gerar”.

“Isso ainda não foi observado, mas a indústria de veículos automotores gera impactos em diversos outros ramos industriais que podem ter reflexos positivos com o seu bom desempenho”, completou.

Agência Brasil / Thais Leitão

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