O economista Ademar Mineiro disse que é real o estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), segundo o qual a crise financeira internacional terá reflexos no comércio exterior e poderá acabar com 20 milhões de vagas no mercado em todo o mundo até o final do próximo ano. De acordo com Mineiro, os setores mais atingidos seriam a construção civil, o imobiliário, o de serviços financeiros e o de veículos automotores.

A pesquisa divulgada pela OIT mostra também que a situação econômica dos países ricos em 2009 será, no mínimo, de estagnação.

Mineiro, que é pesquisador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ressaltou que os setores vinculados ao comércio exterior serão os mais prejudicados pela crise. Segundo ele, para que os países emergentes tenham fôlego suficiente para continuar crescendo, devem mudar sua orientação em termos de desenvolvimento, deslocando o foco do comércio exterior e dinamizando setores voltados para a infra-estrutura e o mercado interno.

Mineiro destacou, entretanto, que não parece ser isso que os países emergentes estão fazendo. A não ser a China, que, no momento, investe em obras de infra-estrutura e reformas internas para que o mercado interno possa suprir a carência de demanda no externo, que está desaquecido. “Não estamos vendo, nos outros países emergentes, mudanças substanciais nesse sentido”, afirmou.

No Brasil, o economista apontou os cuidados que devem ser tomados com a captação de recursos externos para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para ele, esse tipo de captação representa um sinal amarelo: “O governo precisa sair, pouco a pouco, da perspectiva de captar recursos no mercado internacional para tais projetos, porque os recursos estão ficando escassos, e buscar suprir essa carência com busca de recursos dentro do país.”

Mineiro ressaltou que os projetos de empresas da área de comércio exterior, sobretudo os que estão perto da conclusão, serão desacelerados ou até mesmo parados. “É preciso haver compensação em relação a isso, tentando acelerar investimentos em setores vinculados ao mercado interno.”

Para o economista, uma das formas de dinamizar a economia interna é o aumento dos gastos públicos. “O gasto público tem que funcionar neste momento como um elemento anticrise.” Segundo ele, se, num momento, com demanda, investimentos e comércio internacional desaquecidos, ainda se pode cortar gasto público, vai fortalecer uma tendência a uma recessão mais aguda”, defendeu.

Com esse tipo de aceleração, Ademar Mineiro acredita ser possível dar continuidade às obras de infra-estruturas do país, não havendo, dessa maneira, riscos de efeitos negativos sobre os empregos.

Agência Brasil

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