A diplomacia brasileira está tendo a oportunidade de auferir ganhos políticos neste momento de crise financeira internacional, pela possibilidade de exercer um posicionamento de moderação e de mediação na reunião do G20, grupo das maiores economias mundiais, que se realiza até amanhã (9), em São Paulo.

A análise foi feita pelo professor Virgílio Arraes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), em entrevista à Rádio Nacional, hoje (8). Ele disse que o encontro deverá subsidiar o posicionamento do G7 (grupo dos países desenvolvidos) mais a Rússia, sobre a conjuntura econômica internacional e sinalizar encaminhamentos importantes para a próxima reunião dos chefes de Estado do G20, no dia 15, em Washington.

Apesar de reconhecer que a economia brasileira hoje está menos vulnerável a abalos internacionais do que acontecia há dez anos, Arraes argumenta que nenhum país está a salvo das intempéries da crise.

Ele ressaltou que o desaquecimento da economia americana tem impacto no mundo inteiro e, se houver agravamento, o Brasil teria menos contratos comerciais fechados, e, conseqüentemente menos divisas a obter, o que agravaria o quadro de desemprego.

Segundo o professor, o governo brasileiro procurou diversificar sua pauta de exportações nos últimos anos, mas os negócios internacionais não vão escapar dos efeitos da crise se a recessão internacional for mais duradoura.

Ele previu que propostas mais significativas para conter os efeitos da crise só devam vir por parte dos Estados Unidos a partir de janeiro, quando o presidente eleito, Barack Obama, tomar posse.

Arraes acredita que os dois meses de governo que restam ao presidente norte-americano George W. Bush, serão melancólicos e os democratas terão participação apenas figurativa no cenário do país até o dia 20 de janeiro, data da posse. Um dos motivos seria a impopularidade de Bush.

Enquanto isso, o mundo está atento à formação do secretariado do futuro presidente, que será muito importante para a reestruturação do governo americano na gestão de Obama, na avaliação de Arraes.

O quadro atual, de acordo com o professor, mostra que a desregulamentação do mercado, efetivada nos últimos 15 anos, na economia americana e em outros países desenvolvidos, fracassou.

Arraes disse que os países e suas economias não têm condições de ter controle forte sobre os fluxos de capital que circulam 24 horas por dia em todo o planeta, mas que é necessário que esses países adotem normas mais rígidas para conter o capital especulativo, aquele que busca faturar com juros altos, em detrimento dos interesses do mundo real que gera emprego por meio da produção.

Lourenço Canuto – Repórter da Agência Brasil

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