O ex-ministro da Fazenda no governo Sarney Maílson da Nóbrega condenou a utilização de bancos oficiais, como a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil, como instrumentos para suprir as empresas nacionais neste momento de escassez de crédito internacional. O economista também posicionou-se contrário à alteração nas regras em vigor, especialmente as que regem as agências reguladoras.

Na audiência pública realizada pela Comissão de Acompanhamento da Crise do Senado, Maílson da Nóbrega afirmou que “todas as vezes em que os bancos oficiais foram utilizados para repor crédito tornaram-se, a longo prazo, depositários de maus investimentos”.

Ele fez um apelo aos parlamentares para que aprovem o mais rápido possível o projeto de lei que institui o cadastro positivo, que aguarda votação na Câmara dos Deputados. Maílson da Nóbrega ressaltou que o cadastro atua diretamente no combate à inadimplência, principal fator, a seu ver, para a redução do spread bancário (a diferença entre a taxa de juros que o banco capta e as que são cobradas ao tomador de empréstimo).

Maílson da Nóbrega também rejeitou qualquer mudança nos marcos regulatórios, especialmente o do petróleo. O próprio governo admite rever a regulação do setor para adequá-lo à nova situação criada a partir da descoberta da camada pré-sal.

“Eu rejeitaria qualquer mudança nas regras [que regulam o setor do petróleo] e também não criaria uma nova estatal, como quer o governo, porque não se mexe no que está dando certo”, defendeu o economista, na comissão.

Com o mesmo raciocínio dos demais economistas que participaram do debate, Maílson da Nóbrega considerou que o Brasil está bem preparado para enfrentar a crise mundial. Ele destacou o fato de o país, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ter realizado o Programa de Restruturação Financeira (Proer), que possibilitou hoje aos bancos nacionais terem “resistência” para enfrentar os efeitos negativos do setor no exterior.

O economista também destacou o fato de o Banco Central brasileiro ter meios mais eficazes de enfrentar crises do que há 20 anos. “O Banco Central, hoje, tem grande credibilidade e previsibilidade”, disse. Isso, acrescentou ele, possibilita ao Brasil viver uma situação diferente daquelas que enfrentou em crises internacionais anteriores. “Na primeira crise desta magnitude, com situação diferente, a inflação cai, quando antes aumentaria; a relação dívida/PIB [Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no país] se manterá ou cairá, quando antes crescia”, destacou.

Maílson disse que “os pecados brasileiros”, nesta crise, tornaram-se virtudes. De acordo com ele, bastou o governo reduzir o percentual do compulsório cobrado pelo Banco Central das instituições financeiras para injetar mais recursos na economia. “A taxa de juros alta hoje é um bônus, uma vez que possibilita ao Banco Central reduzi-la para aquecer a economia enquanto os bancos centrais americano e europeus praticamente já reduziram suas taxas a quase zero ponto percentual”, acrescentou o ex-ministro da Fazenda.

Agência Brasil / Marcos Chagas

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