As exportações dos países da América Latina perderam 31% em valor, no primeiro semestre de 2009, e devem fechar o ano com perda de 25%, de acordo com relatório da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) divulgado ontem (25), em Santiago, no Chile, e distribuído pela internet.

Vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), a Cepal projeta melhor comportamento das vendas externas neste segundo semestre, de modo a que a queda nas exportações fique em torno de 25% no final do exercício financeiro, em valores. Em volume, a queda é estimada em 11%. Mesmo assim, seria o pior resultado para a região desde 1937.

O relatório da Cepal diz que “a redução do comércio regional não tem precedentes na história recente. A última vez que o volume das exportações e os preços caíram foi há 72 anos. O choque externo sofrido pela região é de proporções superiores ao provocado pela crise asiática (nos anos 90) e a crise da dívida externa (nos anos 80)”.

Nas contas da Cepal, o comércio regional foi derrubado principalmente pela redução de 29% nos preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional; em especial alimentos e minérios) que a região exporta, em função da menor demanda externa em geral, com exceção da China.

O documento da Cepal destaca que “desde o início da crise [financeira internacional, em setembro de 2008], as correntes comerciais da região experimentaram quedas substanciais e generalizadas, independentemente do destino ou da origem. Somente a China apresenta uma demanda sustentada de produtos básicos, o que contrabalança a situação adversa enfrentada pelo comércio exterior regional”.

A queda das exportações regionais foi mais acentuada em minérios, petróleo e manufaturas do que no setor agrícola e o comércio é o setor mais afetado pela crise, com desaceleração “sem precedentes”, de acordo com o relatório. A demanda por bens da América Latina tem diminuído fortemente, sendo parcialmente compensada pela demanda chinesa por commodities, que segue forte.

A Cepal estima que o comércio global deve se recuperar em dois ou três anos e quando isso acongtecer a região deve estar preparada. Razão porque prega “políticas urgentes para reativar o comércio, porque o futuro pós-crise continuará compensando as economias orientadas à exportação, bem como o progresso em competitividade e inovação tecnológica”.

Stênio Ribeiro – Agência Brasil

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