Celso Zipf sozinho

Se administrar uma nova empresa é difícil, assumir uma com pendências judiciais, em processo falimentar e sem crédito é tarefa para heróis. Ou melhor, síndicos de massa falida. Por pior que possa parecer, esse é um campo de trabalho para economistas e dos mais atraentes, podendo gerar boas remunerações e experiências. A dica é dada pelo economista e atual administrador da massa falida da Sulfabril, Celso Zipf.

Zipf comenta que os campos formais para economistas estão mais restritos, mas na mesma medida se abrem novas possibilidades, dentre elas a administração de empresas falimentares. Atentos ao mercado, muitos administradores e advogados estão buscando ocupar essa lacuna.

O economista atua há oito anos como síndico da Sulfabril, empresa têxtil que chegou a ser a segunda maior empresa de confecção em malha da América Latina, com forte atuação no mercado internacional. Ele confessa que se tivesse conhecimento de como seria difícil atuar naquela época não teria aceito o cargo que ocupa hoje, mas com a atual Lei Federal 11.101, de 2005, a administração certamente seria mais fácil e atraente. A nova legislação de falências reduziu o papel da Justiça na administração da massa falida e na condução da recuperação judicial, deixando essas tarefas para o comitê de credores, estimulando negociações e acordos.

A falência da Sulfabril foi decretada em setembro de 1999, mas até agora o caso está na Justiça. Em 1994, a Sulfabril tinha faturamento de US$ 140 milhões, mais de 5,6 mil funcionários e produção mensal de 5,1 milhões de peças. Hoje, a empresa possui 1,2 mil funcionários, quatro unidades (duas desativadas) e um faturamento de R$ 80 milhões. A empresa mesmo em estado delicado ainda é representativa para a região e é uma das maiores empregadoras na região de Blumenau, assim como arrecadadora de impostos.

O administrador da Sulfabril, Celso Zipf, possui um valioso e extenso currículo, que inclui a reitoria da FURB (Universidade Regional de Blumenau), cargos em bancos como Banco do Brasil e Besc, além de sua formação como economista em 1967, 41 anos de experiência que não foram fáceis. Talvez, segundo ele, estar há tanto tempo no comando da recuperação de uma empresa como a Sulfabril se dá também pelo respeito e confiança que credores e funcionários atualmente depositam nele.

Nesse período à frente da complicada administração da massa falida, Celso coleciona problemas e uma magistral habilidade para lidar com brigas judiciais, falta de apoio do governo, entraves com sindicatos, credores e os demais problemas que qualquer empresa enfrenta. Ele estima ter faturado R$ 700 milhões nesses anos, mas para espanto, cerca de R$ 61 milhões foram sugados pelos juros. Precisa-se frisar que a empresa não pode captar recursos em bancos, buscando dinheiro nas factorings. Quando assumiu, o panorama não era nada animador: R$ 240 milhões de dívida, sendo R$ 40 milhões para trabalhadores, R$ 100 milhões para bancos e outros R$ 100 em impostos.“Acabei me acostumando com a falta de apoio”, lamenta Zipf, quando questionado sobre o interesse político em reerguer a empresa.

A empresa possui integração fabril total, só não planta e tece o algodão. O que pode ser um problema. E dos grandes. Para o administrador, a solução seriam investimentos, mas qualquer mudança no pátio da empresa, incluindo a venda e compra de novos equipamentos é um trâmite nada simples, por estar sendo fiscalizado pela antiga lei. A nova, segundo Celso, facilita essa caminhada hostil. “O síndico conquistou mais autonomia”. De acordo com ele, a nova lei permite incorporar, fundir, buscar equipamentos. “O juiz irá procurar uma maneira da empresa continuar por pelo menos dois anos”, explica.

Que bons tempos soprem a favor da empresa.

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