Ao analisar a relação entre retorno e a presença de fundos de Private Equity na composição acionária de 109 empresas brasileiras que realizaram Oferta Pública Inicial de Ações (IPOs) entre os anos 2004 e 2008, levantamento do Insper mostra que as companhias que têm um desses fundos como acionista tiveram um Retorno Anormal Acumulado (CAR) estatisticamente superior, um ano após o evento de lançamento.

De acordo com a pesquisa, elaborada pelo aluno de mestrado do Insper Guilherme Ferrari, orientado pela professora Andrea Minardi, ao analisar separadamente a amostra entre empresas que contam com fundos PE/VC (Private Equity/Venture Capital) e as sem fundos, verificou-se que o primeiro grupo registrou um CAR médio de -11,1%, enquanto que no segundo grupo o retorno médio foi de -33,6%.

Ambos os grupos tiveram desempenho inferior ao IBOVESPA. Isto ocorre devido   à influência da crise econômica, pois vários desse IPOs foram realizados após setembro de 2007.

Entretanto, quando se pondera a média do CAR em relação ao tamanho de cada uma das empresas, o retorno da amostra de PE/VC foi de +13,7% e sem PE/VC -0,6%.  Há evidências portanto, que o grupo de IPOs com PE teve desempenho superior e que o retorno negativo ocasionado pela crise foi muito mais forte nos IPOs das empresas menores.

Os retornos superiores também foram afetados pelo nível de governança corporativa, grau de alavancagem e, em caso do grupo de PE/VC, pelo  volume de recursos administrados pela organização de PE. Quanto mais recursos administrados pela organização, maior tende a ser o desempenho dos IPOs.

Para Andrea Minardi, o resultado pode ser atribuído às características peculiares dos fundos de PE/VC. “Geralmente, eles realizam poucos investimentos e de longo prazo. Ao adquirir participação em algumas companhias, esses fundos procuram agregar valor à gestão das empresas, o que explicaria os resultados estatisticamente superiores”.

“Existe também evidências internacionais de que há persistência no desempenho de organizações de PE/VC, ou seja, as organizações com fundos mais bem sucedidos no passado tendem a ter os fundos mais bem sucedidos no futuro”, diz Andrea Minardi.  Essa evidência internacional talvez explique porque os IPOs de fundos de PE de organizações com maior recursos tenham o melhor desempenho.  Essas organizações conseguiram levantar novos fundos e, portanto, ter mais recursos sob gestão por já terem comprovado sucesso em fundos antigos.

Outra análise efetuada foi o retorno no primeiro dia, o underpricing.  Percebe-se que a média simples do retorno acima do IBOVESPA no primeiro dia é de 3,2%.  Quando se pondera essa média pelo tamanho, obtém-se um retorno de primeiro dia acima do IBOVESPA de 8,5%.  Ou seja, são as maiores empresas que tem o maior underpricing, o que pode ser justificado por provavelmente haver maior apetite por esse tipo de IPO.  A média dos retornos dos IPOs do grupo de PE ponderada por tamanho foi de 5,5%, estatisticamente menor do que a média ponderada do grupo sem PE,  que foi de 8,5%.

Os dados das empresas analisadas foram coletados da Bloomberg, do site da Bovespa e dos prospectos definitivos de emissão de ações, disponíveis tanto no site das companhias, quanto no site da CVM. O volume médio ofertado da amostra total foi de R$ 756 milhões. O volume médio ofertado por empresas com Private Equity é ligeiramente inferior ao volume médio ofertado por empresas sem Private Equity (R$ 742 milhões e R$ 765 milhões, respectivamente).

Ao se analisar o Valor de Mercado (Market Cap) da amostra, tem-se que a média geral é de R$ 2.121 milhões. Já no caso do índice Book-to-Market, a média geral fica em 24%, inferindo-se que, na média, na data do IPO, as empresas estavam sendo negociadas a um múltiplo de aproximadamente 4,15 vezes o patrimônio líquido.

O grau de alavancagem médio das empresas da amostra é de 226% e a mediana é de 57%. Ao se analisar as empresas com e sem Private Equity separadamente, é verificado que empresas com fundos têm um nível de alavancagem médio de 164%, inferior à média das empresas sem Private Equity, que têm o nível médio de alavancagem próximo a 267%.

Fonte: Pesquisa do aluno de mestrado do Insper, Guilherme Ferrari, orientado pela professora Andrea Minardi

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