Os líderes dos países-membros do G20 (que reúne países ricos e os principais emergentes), reunidos ontem em Londres, anunciaram um consenso para enfrentar a crise financeira mundial com medidas conjuntas. Na principal delas, os países decidiram reservar fundos de US$ 1 trilhão para o FMI, além de outros US$ 100 bilhões para socorrer os países emergentes. Foi anunciado também um controle maior dos chamados paraísos fiscais e um esforço fiscal de US$ 5 trilhões até 2010 para salvar empregos.

Os países reforçaram a necessidade de manter as políticas de corte de juros para estimular as economias internas – o que os ajudará a chegar nesta marca de US$ 5 trilhões (principalmente através de cortes nos gastos públicos e nos impostos). A maior parte deste valor, segundo o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, já foi liberada no mundo.

O anfitrião do encontro afirmou, em pronunciamento, que “o G20 alcançou novo consenso de que se tem de agir conjuntamente. (…) Problemas globais requerem soluções globais”. Segundo ele, o encontro de hoje vai abrir caminho para uma “ação coletiva, e não uma coleção de ações individuais”.

“Chegamos a um novo consenso para realizarmos uma ação global juntos”, disse ainda Brown. “Faremos o que for preciso para restaurar o crescimento e os empregos. Não há reparos rápidos, mas podemos encurtar a recessão”. Brown destacou também que o plano de US$ 1,1 trilhão é “dinheiro novo”.

A chanceler alemã Angela Merkel disse que as medidas anunciadas pelo G20 darão “uma arquitetura mais clara para o mundo financeiro”.

G20 divulga documento após reunião

No documento final da reunião, foram divulgadas decisões no sentido de redefinir as regras para o pagamento dos famigerados bônus – “sem prêmios para o fracasso”, segundo Brown. Também foi proposto desenvolver um “sistema de alarme” para prevenir as crises. Países do G20, Espanha e Comissão Européia buscarão identificar previamente os sinais negativos na economia, num esforço preventivo.

O G20 também concordou em aumentar a regulação sobre os bancos e mercados financeiros. As novas regras buscam prevenir, futuramente, uma superexposição dos bancos a riscos financeiros.

O esforço fiscal também foi destacado no documento do encontro: “Nós estamos encarregados de um esforço fiscal sem precedentes, o que poderá salvar ou criar milhões de empregos que, de outra maneira, seriam destruídos”.

O documento também defende um maior controle dos chamados paraísos fiscais. Aproveitando o momento, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou uma lista de países e jurisdições classificados desta forma.

Outro ponto importante destacado no documento é o fortalecimento dos órgãos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial. As mudanças propostas servirão para que estes órgãos tenham mais “relevância, eficácia e legitimidade”.

O documento (em inglês) pode ser acessado clicando aqui.

Brasil pode emprestar dinheiro ao FMI

O presidente Lula, falando a jornalistas, destacou o caráter democrático da reunião e falou que gostaria de passar para a história como “o presidente que emprestou algum dinheiro para o FMI, além de pagar a conta dos outros” – referindo-se às dívidas com o órgão. “Você não acha muito chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI?”, perguntou. O presidente lembrou que, durante muitos anos, carregou faixas com protestos dizendo “Fora FMI”.

Lula disse ainda que não tem medo de cara feia e recorreu a uma metáfora do boxe. “Imagina se o Cassius Clay tivesse medo de cara feia. O Foreman teria nocauteado ele naquela luta que eles fizeram no Zaire. Entretanto, depois de apanhar por doze assaltos, ele derrubou o cara. Eu me considero o Cassius Clay nessas crise”, disse.

Fonte: Manuel Castanho
Jornalista do COFECON
manoel.castanho@cofecon.org.br

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