Inflação

Sempre que se ouve falar em inflação, o primeiro pensamento é: os preços vão aumentar de novo! Na verdade, o acréscimo de valores é uma consequência da medição que se faz dos preços em um período anterior, mas nem sempre ele ocorre. Isso porque a inflação somente acontece quando há um crescimento persistente e generalizado dos preços de um conjunto de bens e serviços em um determinado período, causando a redução do poder de compra.

Se poucos preços aumentam enquanto os demais permanecem estáveis, não há como dizer que existe um processo inflacionário. Do mesmo modo, se há um aumento de todos os preços em um mês, mas volta à estabilidade em seguida, também não podemos caracterizar como inflação. Só é inflação se o aumento for geral e duradouro.

Sabemos que esse não é um assunto muito fácil, por isso, vamos dividir este artigo em vários tópicos e detalhar todas as informações em cada um deles. Assim, quando alguém falar sobre inflação, você estará pronto para participar da conversa e explicar o que for necessário. Acompanhe!

Os índices medidos pela inflação

Como já vimos aqui no blog, o objetivo da nossa série sobre educação financeira é esclarecer alguns conceitos e auxiliar os leitores sobre como se organizar e deixar as finanças sempre em dia. Ao falar de inflação, não queremos que você saia por aí fazendo contas, mas, sim, que acompanhe como estão os índices e como a redução ou o aumento deles pode interferir no seu dia a dia.

Por isso, antes de passarmos para um passo a passo sobre como medir a inflação ― mais para você visualizar o processo do que encarar o desafio de fazê-lo ―, listamos os índices que refletem a inflação de determinado período para um conjunto de produtos. Cada um deles aponta um valor diferente, conforme o tipo de produto e/ou serviço consumido e os dados usados para fazer o cálculo. Veja agora o que mede cada índice:

  • Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI): Calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apura os preços mensais de todo o processo produtivo: matérias-primas agrícolas e industriais, produtos intermediários e bens e serviços finais e preços de construção. É parte da cesta que corrige os preços de telefonia.
  • Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M): Semelhante ao IGP-DI, verifica preços do comércio no atacado, no varejo e na construção civil, pesquisados entre o dia 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. É usado na correção de contratos de aluguel e tarifas de serviços públicos.
  • Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): Calculado pelo IBGE, aponta mensalmente a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos das 11 principais regiões metropolitanas do país. Os preços são coletados em mais de 28 mil comércios visitados pelos pesquisadores. É considerado o índice oficial da inflação e é usado para corrigir o valor do salário mínimo e da cesta básica.
  • Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC): Semelhante ao IPCA, verifica a variação do custo médio das famílias com rendimento médio entre 1 e 5 salários mínimos. Indica as variações de preços nos grupos mais sensíveis, que gastam todo rendimento em consumo corrente (alimentação, remédio etc.).
  • Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S): Verifica preços de 388 itens a cada 10 dias. Donas de casa treinadas pesquisam preços de alimentação no domicílio, produtos de limpeza, higiene e serviços; e funcionários da FGV fazem consulta mensal de bens e serviços da cesta básica do IPC.
  • IPC – Fipe: Calcula semanalmente os preços de 468 itens consumidos por famílias que recebem entre 0 e 10 salários na cidade de São Paulo.

Como é calculada a inflação

Como prometido, confira o passo a passo de como os profissionais da FGV e do IBGE calculam a inflação:

  1. Os pesquisadores visitam as famílias para saber o que elas compram e onde. É o que chamamos de amostra de domicílio.
  2. São definidos os produtos da cesta e o peso deles no cálculo da inflação. Quanto mais consumidos, maior será o seu peso. O peso do arroz, por exemplo, é maior que o do macarrão. O da cebola é maior que o da berinjela e assim por diante.
  3. Os pesquisadores definem, então, a lista de comércios onde os preços serão avaliados.
  4. Com todas as informações citadas, é elaborado um questionário com os locais a serem visitados e os produtos que devem ser checados.
  5. Seguindo o questionário e um cronograma, os pesquisadores vão até os estabelecimentos comerciais e coletam os preços.
  6. Depois, eles entregam os relatórios aos técnicos que vão processar os dados colhidos para começar a calcular os índices.
  7. Por fim, a inflação é calculada por meio da variação dos preços de um período para outro. Se houver uma diferença muito grande em relação ao mês anterior, seja para baixo, seja para cima, os técnicos voltam aos números para checá-los novamente.

E qual é a relação disso tudo com a sua vida?

Essa é uma ótima pergunta e a resposta é: bem mais do que você gostaria. Isso porque, além de medir a variação de preços que já ocorreram, a inflação também influencia nos valores que serão cobrados no futuro. Se todos os preços aumentassem de maneira uniforme (produtos, serviços, salários, matéria-prima, entre outros) não haveria problemas. Só que isso não acontece, pois a inflação mexe nos preços relativos, dando ganhos para alguns e perda para outros.

Vamos ver um exemplo. Entre dezembro e janeiro é anunciado um aumento de 5% sobre o salário mínimo, que é baseado no índice de inflação dos últimos 12 meses. Para um assalariado que precisa comprar comida, o ideal é que o percentual de reajuste sobre os alimentos seja menor ou no mesmo patamar do salário. Só que entre janeiro e maio houve uma redução no consumo e um aumento nos preços, fazendo a inflação subir para 6,4%. Isso faz com que essa pessoa perca poder de compra, pois o seu aumento salarial não consegue acompanhar o dos alimentos.

Podemos citar ainda outros exemplos de como a inflação pode afetar o seu orçamento pessoal e familiar. Veja:

  • No pagamento de serviços prestados: diversos contratos preveem reajustes de acordo com o índice de inflação, como planos de saúde, aluguel de imóveis, energia elétrica e até pedágios.
  • Nos gastos domésticos: o aumento nos gastos com supermercado, farmácia e afins são os primeiros a serem notados. Dificilmente o responsável pelas compras deixa de ver que o feijão subiu ou que está levando menos carne para casa pelo mesmo valor de antes.
  • Nos investimentos: a inflação afeta diretamente o valor real dos seus rendimentos, diminuindo o valor do seu dinheiro e exigindo correção nos valores investidos periodicamente. R$ 100 mil acumulados ao longo de anos não terão o mesmo valor de compra se não forem corrigidos pela inflação. Um exemplo típico é a poupança, que nem sempre rende de acordo com a inflação.

De onde vem a inflação?

A inflação pode ter uma série de causas. Por exemplo, se ocorrer uma guerra no Oriente Médio, o preço do petróleo vai disparar e, com certeza, vai ter inflação, pois haverá uma alta geral e constante dos preços ― os combustíveis influenciam no valor de praticamente todos os produtos.

Mas ela também pode ocorrer por uma combinação de fatores. Na lista abaixo, entenda os principais motivos que fazem os preços subirem e, consequentemente, elevarem os índices de inflação. Para cada um deles, usamos um exemplo para facilitar o entendimento:

  • Aumento dos gastos públicos: Digamos que o governo gasta mais do que arrecada. Para suprir esses custos, há uma aumento de impostos para as empresas. Esses valores são repassados aos consumidores, fazendo com que os preços dos produtos e serviços subam.
  • Formação de cartéis: Há uma situação em que poucas empresas vendem um determinado produto. Elas se juntam e “combinam” preços mais altos ou restringem a produção, o que faz o valor subir para o consumidor final.
  • Custos de produção elevados: Ocorre o aumento do custo da produção. Para tentar resolver isso, as empresas buscam empréstimos para viabilizar seus projetos. Se há muita procura, as taxas de juros sobem, elevando os custos de produção e, como consequência, os preços aumentam também.
  • Queda na produção: Quando as empresas produzem menos que a demanda, o volume de dinheiro em circulação acaba sendo maior que a oferta de bens e serviços, o que leva o consumidor a pagar mais por um produto que antes era mais barato. Quando a demanda é maior que a oferta, os preços também sobem.
  • Indexação: Ocorre quando os preços são reajustados conforme o índice de inflação anterior, como os contratos de aluguel. Então, os preços mais altos entram no cálculo da inflação do próximo período, fazendo do índice de hoje o patamar inicial de amanhã.
  • Ciclo de inércia entre empresa e trabalhador: Acontece quando tanto a empresa quanto o trabalhador acreditam que haverá inflação. Para não reduzir seu lucro, o empreendimento eleva os preços. Por sua vez, o funcionário pede aumento para não perder poder de compra. Quando esses valores sobem, crescem também os índices de inflação.

Existe um valor ideal para a inflação? É possível controlá-la?

Em relação ao valor ideal, não existe um número mágico. O que os economistas falam é que ela não pode ser nem muito alta, nem muito baixa, pois nos dois casos pode prejudicar o funcionamento da economia. Diante disso, há um consenso de que uma inflação entre 2% e 5% é um bom indicador de que a economia não tem desequilíbrios importantes.

Se ficar acima de 10% ao ano, por exemplo, pode atrapalhar a capacidade da moeda como unidade de conta. Isso quer dizer que as pessoas começam a perder a noção do valor da moeda, pois os preços mudam mais rápido. No entanto, se ela ficar negativa ou muito próxima de zero, pode prejudicar a produção e desaquecer a economia.

O responsável por manter o controle da inflação é o governo, que, para isso, usa a política de juros do Banco Central, cujo principal instrumento é a taxa Selic, que vimos em outro artigo aqui no blog. Se quiser dizer ao mercado que não está gostando da elevação dos preços, ele sobe os juros. Assim, o crédito fica mais caro, o que reduz um pouco a demanda e freia a remarcação de preços, uma vez que o consumidor não está comprando. Outra atitude para o controle da inflação é reduzir os gastos do governo.

Como falamos, o importante é entender como a inflação funciona e como ela pode influenciar o seu dia a dia, especialmente o seu orçamento pessoal e familiar. Ao longo da nossa série sobre educação financeira, vamos acabar retomando este assunto, pois ele influencia em vários aspectos, como na escolha de investimentos, por exemplo. Para conferir um resumo sobre o que é a inflação, clique na imagem abaixo!

Então, continue acompanhando nosso blog e compartilhe com seus amigos e familiares os nossos conteúdos. Quando mais informação nós temos, mais decisões conscientes e corretas conseguimos tomar, certo? Caso tenha dúvidas ou sugestões, aproveite para deixar um comentário no espaço abaixo. Vamos, juntos, ampliar o debate sobre este tema!

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