O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que os cortes no orçamento anunciados hoje (13), que devem chegar a R$ 10 bilhões, vão elevar para R$ 31,8 bilhões os valores contingenciados este ano pelo governo, já que em março foram bloqueados R$ 21,8 bilhões.

“Já fizemos um contingenciamento em março, foram mais de R$ 20 bilhões e serão mais R$ 10 bilhões, que serão um complemento àquele contingenciamento. A vantagem em relação a outros instrumentos para combater a inflação é que você faz na veia, porque você tira a possibilidade de o ministério fazer aquele gasto”, explicou o ministro.

O contingenciamento é um instrumento usado pelo governo para manter a inflação em níveis aceitáveis e dentro das metas estabelecidas, cujo centro é de 4,5%, podendo variar 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Outro instrumento que vem sendo utilizado pelo Banco Central (BC) é a elevação da taxa básica de juros, a Selic. Mas Mantega destacou que essa é uma medida que demora para fazer efeito. “Até desestimular o investimento, até a fábrica interromper o que está fazendo e não contratar mais trabalhadores, leva cinco a seis meses para ter eficácia. Já o [efeito do] corte do governo é quase que imediato”, afirmou.

O ministro reafirmou ainda que a equipe econômica está avaliando se o crescimento da demanda brasileira está próximo a 6%. Ele destacou que existem dois aspectos a serem analisados: a demanda privada e a demanda pública. Para Mantega, a melhor maneira de “jogar um pouco de água fria na fervura” seria diminuir os gastos do governo, no caso os de custeio.

Segundo ele, as medidas deverão ser sentidas já no próximo mês nos gastos dos ministérios, mas estão garantidos os investimentos e os programas sociais. Ou seja, não serão afetados os principais projetos do governo, mas deverá haver um sacrifício por parte dos ministérios. “Terão que postergar gastos ou não fazer isso este ano”, disse.

Para o ministro, é absolutamente normal que o Estado tenha papel cíclico ou anticíclico [de estimular a economia com injeção de recursos e aumento de investimentos, por exemplo, para equilibrá-la]. De acordo como Mantega, o governo tomou medidas parecidas em 2008, quando a economia brasileira vinha registrando altos níveis de crescimento, com recordes de arrecadação. Ele lembrou que, na ocasião, o governo resolveu destinar 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao Fundo Soberano. “Se gastássemos, o crescimento seria maior ainda”, explicou.

A avaliação do governo é que no primeiro trimestre deste ano a economia cresceu muito porque ainda estava em vigor a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) concedida ao setor automotivo e aos eletrodomésticos da linha branca. Agora, a percepção é que o segundo trimestre não será tão aquecido. Para o primeiro trimestre, a estimativa de crescimento é de 2% a 2,5%, que anualizado chega a uma expansão de 8% a 10%.

O ministro indicou que as medidas estão sendo avaliadas, e que a equipe econômica agirá com cautela e não deve mexer na meta de superávit primário deste ano, de 3,3% do PIB. O ministro disse que é importante observar que o crescimento da economia ainda é uma projeção.

“A gente tem que ir observando, porque não podemos fazer bobagem. A economia não pode crescer demais nem de menos e o governo tem que fazer o papel de regulador. Como o governo pode fazer um papel anticíclico, não vai deixar um crescimento de 7%, como há projeções”, garantiu, lembrando que o governo pode elevar os juros, diminuir os gastos e manter os investimentos.

Daniel Lima / Agência Brasil
Edição: Juliana Andrade

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