A valorização do real deverá ser atenuada, mas sem reversão da tendência de alta, com as medidas anunciadas nesta quarta-feira, 27, pelo governo. Entre as novas regras publicadas no Diário Oficial da União por meio de medida provisória está o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para algumas operações no mercado futuro.

O presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Heron do Carmo, disse que a decisão do governo complementa as medidas tomadas desde o início do ano para conter o câmbio. “Foi uma medida que teve algum efeito no mercado. Pode ser entendida como uma medida de caráter prudencial que complementa outras que já foram adotadas”.

As medidas, entretanto, apenas reduzirão o ritmo de valorização da moeda nacional, na avaliação de Carmo. Alta induzida, segundo ele, pela crise na Europa e as incertezas em relação à economia norte-americana. “Essa é uma medida para atenuar essa tendência de valorização do real. Nada indica que isso vá alterar essa situação de real forte que nós já estamos vivendo”.

O gerente de Câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, considerou as medidas “paliativas”. “A gente viu o mercado operando hoje mais em alta [em relação ao dólar], mas por segurança”, ressaltou. Segundo ele, o aumento da cotação da moeda norte-americana aconteceu principalmente devido às incertezas sobre a amplitude das novas regras.

O presidente da Associação Brasileira de Corretoras de Câmbio, Liberal Leandro Gomes, também acredita que grande parte dos efeitos das medidas estão ligados a uma reação psicológica dos investidores. “O efeito psicológico é muito grande”.

Apesar de considerar a medida um acerto, Gomes avaliou que o câmbio só cederá de maneira definitiva com a adoção de outras ações.

Na opinião de Carmo, só serão tomadas novas medidas se o real continuar a se valorizar de maneira “persistente”. Ele avalia, no entanto, que no médio prazo, o dólar deve se estabilizar em um patamar de cerca de R$ 1,60. “O mais provável é que tenhamos uma melhora do cenário internacional, com solução desses problemas que vem afetando a economia americana e europeia. Isso tudo pode levar a alguma tendência de reversão da valorização do real”.

Galhardo, porém, vê com preocupação as ações para conter a queda do dólar. “O mercado se sente cansado. Estamos desde janeiro, com o câmbio sendo massacrado”, reclamou. Ele teme que o governo exagere nas medidas e acabe espantando os investidores estrangeiros.

Daniel Mello/Agência Brasil

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