As medidas anunciadas ontem (11) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, vão estimular o consumo, o crédito e o aumento da demanda agregada no país, como é chamado o dinheiro do investimento do governo, afirmou em entrevista à Agência Brasil o economista Cláudio Considera, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Ao criar faixas intermediárias do Imposto de Renda Pessoa Física, visando a aliviar a carga tributária em 2009, o governo propicia, segundo o economista, um aumento dos recursos que as famílias têm para usar para consumo. “Na verdade, esse consumo é mais direcionado para atender o mercado”, explicou Considera, que foi secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

Da mesma forma, a redução do Imposto sobre Circulação Financeira (IOF) para pessoa física de 3% para 1,5% ao ano “permite que você entre no cheque especial ou faça contratações de crédito. Então, a redução do IOF aumenta também a renda disponível das famílias e o consumo”.

Considera salientou ainda que a intenção do governo de cortar gastos com custeio e ampliar o investimento público em janeiro próximo “já deveria ter sido feito. Porque o gasto com investimento acaba. Ele não tem continuidade. E o gasto de custeio, principalmente com pessoal, passa a ser um gasto permanente”. Isso não é um fato positivo do ponto de vista da gestão do orçamento público, acentuou.

“O governo deveria fazer o que está pretendendo agora, que são mais investimentos, obras de infra-estrutura”, disse ele. Nesse sentido, lembrou que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, está justamente querendo desenvolver um programa grande de obras públicas, “em vez de dar recursos aos bancos, porque a construção civil cria muitos empregos. É fortemente intensiva em emprego”.

O economista da UFF disse ignorar, contudo, até que ponto vão sobrar recursos do Orçamento para o governo investir em 2009. É preciso considerar, destacou, que o aumento das despesas do próprio governo só foi coberta pela elevação da arrecadação, ou seja, da carga tributária. “Só que, no ano que vem, essa arrecadação não deve ser tão grande. O PIB [Produto Interno Bruto] caindo reduz a arrecadação de todos os impostos. E o próprio Imposto de Renda deve se reduzir”.

Ele acredita que isso pode trazer problemas em 2009 para o cumprimento de metas do governo de superávit primário, “que, afinal, deram a saúde à economia brasileira para que ela pudesse crescer”.

Agência Brasil / Alana Gandra

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