Artigo, assinado por Andrew Downie e publicado na última quarta-feira (02), fala da dificuldade de manter um nível elevado de crescimento econômico sem mão-de-obra especializada. De acordo com o jornal, o setor que mais sofre com esta falta é o de engenharia. Várias empresas contratam profissionais estrangeiros porque não encontram no Brasil profissionais com a qualificação necessária.

O artigo começa dizendo que “crescer mais que 5% ao ano é difícil para qualquer país exceto China e Índia. Fazer isto sem mão-de-obra qualificada é ainda mais difícil”, apontando que esta é a situação específica do Brasil. Em seguida, faz referência ao projeto de crescimento do governo Lula: 5% anuais até 2010, reduzindo para 3 a 4% anuais na década seguinte.

Downie cita uma declaração do presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrieli, dizendo que “a falta de disponibilidade de mão de obra capacitada reprime o crescimento”.

Uma das áreas críticas citada na matéria é a de engenharia. “Indústria aeronáutica, petroquímica, metalúrgica, bancos, todos estão competindo pelos melhores profissionais”, afirma o autor, apontando que muitas empresas buscam estes profissionais no exterior.

A seguir, menciona estudo da CNI com 1.715 indústrias em que verificou-se que mais da metade não encontra os profissionais qualificados de que necessita. Destas, 69% reconhecem que a falta desta mão-de-obra forçosamente resulta em menor eficiência; 36% afirmam que o fato diminui a qualidade dos bens produzidos; e 25% dizem que isto dificulta a aquisição e assimilação de novas tecnologias.

Esta realidade, aponta Downie, leva várias empresas brasileiras a investir na educação de seus funcionários. Algumas dão ensino básico a trabalhadores manuais. Profissionais de fábricas e linhas de produção aprendem matemática e ciências. E companhias maiores investem em treinamentos específicos para engenheiros e outros profissonais. “Milhões de dólares são gastos por companhias como Vale, Petrobrás e Ultrapar”.

O artigo comenta o caso da Embraer, empresa que dobrou de tamanho desde 2001 e deverá entregar 200 aviões para clientes neste ano. Atribui o crescimento ao programa de treinamento da empresa e aponta sua origem: no ano de 2001, os diretores observaram que as únicas três universidades brasileiras que oferecem curso de engenharia aeronáutica não forneceriam mão-de-obra suficiente para ajudá-los a desenhar, construir e vender aviões num mercado que se expandia rapidamente. A empresa, então, resolveu selecionar os melhores engenheiros recém-graduados e colocá-los num curso de especialização de 18 meses. Ali teriam disciplinas como eletrônica, mecânica e design. Ao retomar este assunto, no fim do artigo, o autor afirma que “as empresas de médio porte não possuem a mesma sorte”.

Mas o artigo diz ainda que, no curto prazo, pode-se resolver o problema contratando profissionais já aposentados e estrangeiros. “Mas no médio prazo isto não funciona”, comenta Nelson Barbosa, secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda. “Temos que aumentar o número de graduados, o que significa abrir mais vagas e aumentar a porcentagem de pessoas que concluem os cursos”.

Downie então afirma: “o sistema educacional do Brasil está em desarrumado. Nos testes de desempenho acadêmico (realizados a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE), realizados com jovens de 15 anos de 57 países, a classificação dos brasileiros é a quarta pior em ciências e a terceira pior em matemática”. Aponta também que a média de escolaridade do trabalhador brasileiro é de seis anos, contra 10 na Coréia do Sul, 11 no Japão e 12 nos Estados Unidos e Europa, segundo dados da CNI.


Fonte: Manoel Castanho
Jornalista do COFECON
manoel.castanho@cofecon.org.br
(61) 3208 1806

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