Orçamento familiar

A construção de um orçamento familiar estruturado e que realmente seja um instrumento de organização financeira depende da participação e do comprometimento de cada membro da família. No entanto, para envolver as pessoas é importante levar em consideração que elas são diferentes uma das outras e, por isso, costumam apresentar comportamentos financeiros distintos.

Considerando os diversos perfis existentes, é essencial adotar uma abordagem adequada em torno do orçamento, para produzir harmonia e somar esforços de todos os membros da família. O ideal é adotar uma posição de conciliação e de busca pelos limites, em que se procura tomar decisões sobre o orçamento em parceria com a família e ter projetos comuns a todos.

Pensando nisso, em mais este artigo da nossa série de educação financeira, vamos mostrar como elaborar o orçamento familiar, que é semelhante ao orçamento pessoal, mas envolve muitas outras variáveis, tanto em relação às despesas quanto às receitas.

Ele foi dividido em duas partes. Na primeira parte, explicamos a importância de envolver a família no projeto e como listar as receitas e despesas. Na segunda, damos dicas de como engajar todo mundo no processo e ainda tirar boas lições de como economizar em família. Vamos lá?

Envolva toda a família no projeto do orçamento familiar

Um dos maiores erros é delegar a construção e o acompanhamento do orçamento familiar a apenas uma pessoa. Todos os membros da família devem se envolver no processo, assim, não se estará apenas fazendo o controle do dinheiro, mas também iniciando um processo de educação financeira, que é tão importante quanto não deixar faltar dinheiro para arcar com as despesas da casa.

Então, reúna a família e converse sobre a adoção desse projeto. Isso mesmo, trate esse planejamento financeiro como um projeto familiar, em que todos serão responsáveis pelos seu sucesso ou fracasso, independentemente de contribuir com as receitas ou não. Envolver as crianças desde pequenas, inclusive, é uma ótima oportunidade de formar adultos mais responsáveis com o próprio dinheiro.

Na segunda parte deste texto, detalharemos melhor como fazer, mas uma forma de engajar todos nesse projeto é estabelecer objetivos comuns, que recompensem a família como um todo, como a realização de uma viagem ou a compra de um carro. O importante é que todos estejam cientes que terão que contribuir para o bom andamento das finanças da casa.

Liste as receitas e as despesas

Com todos cientes, é o momento de colocar as receitas e despesas na mesa, ou melhor, na planilha. Aqui no blog já falamos, mas não custa repetir que O Economista tem um planilha bem completa para o controle das finanças. E como ela pode ser alterada, é possível usá-la tranquilamente para fazer o orçamento familiar. Há até uma categoria para dependentes nela, ideal para registrar os gastos com os filhos. Para baixá-la, é só clicar na imagem abaixo:

Receitas

Vamos começar pelas receitas, que envolve quem tem rendimentos. Não é legal e nem produtivo que toda a renda de cada membro seja usada no orçamento familiar. É importante equilibrar a vida em família com as individualidades. Por isso, o ideal é estipular um percentual de contribuição geral, assim, todo mundo colabora e ainda mantém reservas pessoais.

De quanto será esse percentual e se ele será igual para todos vai depender do que for resolvido pela família. Imagine uma família de cinco pessoas: pai, mãe, filha de 20 anos, filho de 16 anos e um temporão de 9 anos. Os pais trabalham, a filha faz estágio, o filho é menor aprendiz e o temporão, por hora, só dá despesa mesmo.

Os pais, além do salário, também recebem vale-alimentação e os benefícios ligados ao salário (férias e décimo terceiro). Os filhos maiores recebem bolsa e vale-transporte. A filha também tem desconto na mensalidade da faculdade, pois seu estágio é na própria instituição. Com isso, ficou decidido que os filhos vão contribuir com um percentual menor.

Veja na tabela como ficaram as contas, lembrando que estamos considerando o valor líquido dos salários, já descontados os tributos referentes à folha de pagamento (INSS, IRRF) e valores dos planos de saúde:

FamíliaSalário/bolsaPercentualContribuiçãoV. alimentaçãoFérias + 13ºParticular
PaiR$ 3.600,0070%R$ 2.520,00R$ 400,00R$ 5.100,00R$ 1.080,00
MãeR$ 3.800,0070%R$ 2.660,00R$ 400,00R$ 5.467,00R$ 1.140,00
FilhaR$1.000,0050%R$ 500,00R$ 500,00
FilhoR$ 600,0050%R$ 300,00R$ 300,00


Na planilha, é possível criar espaço para colocar a contribuição de cada um e de onde vem cada receita. Porém, é você que decide isso com sua família. Não há certo ou errado aqui, o importante é registrar tudo. Com as receitas organizadas, é hora de partir para as despesas, que tem uma lista muito maior.

Despesas

Como você pode ver, nossa planilha já está dividida em categorias, que por sua vez estão subdivididas em vários itens. Tanto as categorias como os itens podem ser renomeados, só não podem ser excluídos, para não perder a configuração. Clicando aqui, você pode acessar um texto que fizemos explicando como usar o material, caso não esteja muito familiarizado com arquivos em Excel.

Bom, as despesas podem ser divididas de várias formas. O mais comum é separá-las entre fixas e variáveis, mas também podemos separá-las em casa, alimentação, educação, saúde, transporte, lazer, entre outras. Aqui também não tem receita pronta, vale o que for melhor para a família. No caso do nosso exemplo, ficou resolvido que eles vão seguir conforme as categorias da planilha, fazendo as adaptações necessárias.

No caso dos dependentes, por exemplo, eles resolveram nomear os itens conforme os gastos com cada filho, criando opções assim: faculdade da filha, escolha do filho, escola do temporão, transporte do temporão, inglês da filha, futebol do filho, natação do temporão. Apesar dos filhos maiores já terem renda, ficou decidido que as questões relacionadas à educação, à saúde e à prática esportiva de todos os filhos entrariam no orçamento familiar, pois são fundamentais para o desenvolvimento deles.

As atividades de lazer, por sua vez, ficaram assim: o orçamento familiar arcaria com duas delas por mês, o restante cada um faria conforme seus recursos. Isso quer dizer que o temporão não poderia fazer nada além das atividades familiares? Não é bem assim, para ele, foi estipulada uma mesada ― falaremos mais sobre esse recurso particular do filho mais novo na segunda parte deste texto.

Sobre a alimentação, os pais resolveram incluir os seus vales no orçamento familiar, aumentando a receita total da casa. Só para você ter uma ideia, somando os dois é possível cobrir cerca de 65% do gasto mensal com supermercado. Pode parecer uma despesa alta, mas estão incluídas nas compras opções de lanches para serem levados à escola e ao trabalho e também comida suficiente para preparar as marmitas dos pais. O que é consumido fora disso deve ser retirado das reservas pessoais.

É possível colocar no orçamento pessoal até os gastos com roupas e calçados. Todo mundo sabe o que consome desses itens e ninguém precisa de um guarda-roupa abarrotado de peças. Aqui, o ideal é sentar e conversar sobre o assunto. Sabemos, por exemplo, que meias, calcinhas e cuecas precisam ser trocadas com uma certa frequência. Verifique como é na sua casa e estipule em quais meses todos ganharão peças novas. O importante é ser justo com todos, para que ninguém se sinta deixado de lado.

Acreditamos que deu para entender como listar as receitas e despesas, certo? Uma última dica em relação a elas: faça as previsões para o ano todo. Dessa forma, a família consegue enxergar como será o período completo e pode incluir ou excluir itens para manter tudo equilibrado, podendo até planejar atividades extras.

Bom, agora pare, respire e comece a assimilar tudo o que falamos até agora. Depois, reúna a família e inicie um diálogo sobre a melhor forma de adotar o orçamento familiar. Se ficar difícil, aguarde pela segunda parte deste texto. Nele, vamos ajudá-lo com dicas de como engajar a família neste projeto e ainda tirar boas lições de economia para a vida. E, claro, se tiver sugestões ou dúvidas sobre o tema, deixe seu comentário!

    Leia Também

  • Educação financeira

    Economizando em Tempos de Crise: Dicas Práticas para Gerenciar suas Finanças

  • Cinco atividades de lazer que movimentam a economia das grandes cidades

  • Afinal, qual é o melhor curso Ancord?

Comentários

Melhore sua saúde financeira e tenha uma vida melhor