Orçamento familiar

Como prometido, voltamos ao assunto orçamento familiar. Na primeira parte deste texto, explicamos a importância de envolver a família no projeto e como listar as receitas e despesas. Agora, vamos dar dicas de como engajar todo mundo no processo e ainda tirar boas lições de como economizar em família. Vamos lá?

Como engajar a família no projeto

Nem todo mundo entende a importância de colaborar, por isso não dá para impor o orçamento familiar, ele precisa ser construído aos poucos, tijolo por tijolo, ou melhor, linha por linha. Independentemente da estrutura da sua família, de quantas pessoas fazem parte dela, se há crianças ou não, o processo precisa ser transparente. Ninguém pode esconder rendimentos, assim como “esquecer” que fez uma dívida. Se o objetivo é “unir para conquistar”, todo mundo tem que estar junto.

Por isso insistimos na necessidade da conversa, pois é nela que será decidido como o projeto vai funcionar. Lembra da família da primeira parte do texto: pai, mãe, filha de 20 anos, filho de 16 anos e o temporão? Então, vamos continuar com eles para facilitar seu entendimento.

Digamos que é a primeira vez que os dois filhos mais velhos têm seu próprio dinheiro e querem fazer mil coisas com ele, menos ajudar em casa. Obrigá-los a contribuir só causará desconforto. Uma forma de criar engajamento é explicar que haverá contrapartidas. Por exemplo, ao contribuir com 50% de seus rendimentos, as mensalidades da escola e da faculdade entram no orçamento familiar. Caso contrário, eles terão que pagar sozinhos, o que vai consumir mais de 80% do que ganham.

Mas não precisam ser contrapartidas tão diretas. Explique que ao contribuírem para a casa, eles poderão usufruir de vários benefícios, como ter disponíveis salgados e frutas para levar de lanche e participar das atividades de lazer programadas no orçamento. Outra forma eficaz de contar com a contribuição de todos é estabelecer um objetivo comum para a família, como fazer uma viagem ou comprar um bem que todos vão usar (carro, televisão, ofurô, entre outros), ações que não seriam possíveis para uma pessoa só.

Claro que eles podem argumentar que não é justo, uma vez que o filho mais novo não contribui com nada e, ainda assim, não tem limites de gastos. Responda apenas que essa questão já foi pensada e que o temporão também terá seus recursos, a mesada, só que ela será limitada e controlada.

Estabeleça a mesada dos filhos com sabedoria

A mesada é um ótimo ponto de partida para iniciar a educação financeira dos filhos, uma vez que dá a eles oportunidade de lidar com uma renda fixa e de tomar decisões por conta própria. Defina, de acordo com a idade e as atividades da criança, o valor a ser dado mensalmente e mostre a importância de gastar o dinheiro com sabedoria para não faltar no fim do mês.

Não há uma regra fixa para o valor, tudo vai depender do que a criança ficará responsável em comprar. No caso do temporão do nosso exemplo, ele tem nove anos, então, não precisa de dinheiro para transporte, pois os pais ainda levam para a escola e outras atividades. Porém, dois dias por semana, por conta das aulas de futebol, ele almoça fora. Significa que precisa de recursos para, pelo menos, oito refeições no mês.

Assim como os irmãos mais velhos, também gosta de se encontrar com os amigos para ir ao cinema ou tomar um sorvete. E, claro, está sempre de olho nos lançamentos de jogos para computador. Ele não precisa de dinheiro para fazer tudo o que gosta de uma vez. Aliás, o objetivo de estabelecer uma mesada é justamente mostrar à criança a importância de consumir de forma consciente e não gastar com bobagens.

Por isso, junto com o dinheiro, dê a seu filho as primeiras noções de investimento e economia. Digamos que o nosso temporão quer muito um jogo, mas o preço dele é igual ao de sua mesada de um mês. Quer dizer que se ele comprar, não vai ter dinheiro nem para seus almoços. Esse é o momento de explicar que ele pode poupar alguns meses para depois comprá-lo, assim, não vai comprometer suas outras obrigações.

E, o mais imprescindível de tudo, não entregue a mesada sem exigir uma contrapartida. Faça a criança entender que assim como os irmãos trabalham para receber, ela também terá que colaborar em algumas atividades. É claro que essas atividades devem ser compatíveis com a idade dele. Por exemplo, ele pode arrumar a mesa para as refeições e depois levar a louça seja para a pia, arrumar o próprio quarto, carregar as compras do supermercado e até ajudar a cuidar do animal de estimação, dando ração e água.

Dessa forma, além de entender que está recebendo um pagamento pelos seus serviços, dando mais valor ao dinheiro, a criança acaba se integrando à rotina da casa. Ela consegue perceber como as atividades feitas pelos pais e irmão são difíceis e acaba valorizando os momentos em família.

Dicas para economizar no orçamento familiar

Se você conseguiu reunir e conversar com sua família e, juntos, estão montando um orçamento familiar, saiba que este é o caminho certo, pode confiar. Ao ter em mãos todas as receitas e despesas organizadas e visíveis, vocês vão poder enxergar o que faz sentido ou não naqueles números e tomar decisões inteligentes para que nada saia do controle. E o melhor, vão conseguir encontrar formas de economizar, o que é sempre importante.

Quando falamos em economizar, não estamos dizendo que sua família precise ser mesquinha, deixe de comprar alguma coisa que é essencial ou mesmo que passe a se alimentar de comida de baixa qualidade, não é isso. Há diversas formas de reduzir as contas e guardar um dinheiro para realizar um sonho. Então, para fechar nosso texto, destacamos algumas ações que você e sua família pode fazer para economizar:

  • Fique de olhos nos detalhes. Apague sempre a luz quando não estiver no ambiente, mantenha os aparelhos eletrônicos que não estãos sendo usados fora da tomada (o modo “stand by” também gasta energia), use refrigeradores e aquecedores de ar quando for realmente necessário, desligue a torneira da pia ou o chuveiro quando não estiver usando, verifique se a porta da geladeira está fechando corretamente e por aí vai. Pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença no fim do mês ― e a natureza agradece!
  • Aprenda a usar os brechós. Crianças, por exemplo, crescem rápido e perdem roupas e calçados com facilidade. Nos brechós é possível vender as peças que estão em bom estado ou mesmo trocá-las por outras. Isso vale para qualquer idade, aliás. Esse é um ótimo exemplo de consumo consciente.
  • Procure por atividades em família gratuitas. Nem todas as vezes que você e sua família saem precisa ser para um lugar onde é necessário gastar. Optem por um passeio em um parque ou zoológico, por exemplo, e façam um piquenique levando o que tem em casa.
  • Procure sempre levar o que você vai comer de casa. Sabemos que nem sempre é possível, mas criar o hábito de cozinhar em casa e levar a própria marmita para o trabalho é uma ótima maneira de economizar. O mesmo vale para os lanches, que são ainda mais fáceis, pois na maioria das vezes não precisam sequer ser aquecidos, como as frutas.
  • Reveja os planos de telefonia, internet e TV. Muitas vezes, temos assinaturas desses serviços por tanto tempo que não nos damos conta do seu valor real. Verifique, por exemplo, se um plano de celular em família não é mais barato que os individuais ou se precisa mesmo do plano de TV com aquele monte de canais que você não assiste.
  • Faça lista de compras. Não vá ao supermercado sem saber exatamente do que você precisa. Ao elaborar uma lista em casa, é possível ir verificando se realmente é necessário comprar determinado produto. E ela acaba sendo também um método de controle, pois pensará duas vezes em pegar algo na prateleira que não está na lista. Por isso, inclua nela aqueles itens considerados besteiras ou supérfluos, como salgadinhos, chicletes, balas e bolachas. Ah, e não vá ao supermercado com fome, você terá vontade de comprar todas as coisas.

Essas são apenas algumas dicas, para despertar em você aquela coceirinha em verificar onde e como economizar dinheiro para investir em bons momentos com sua família. O mais importante aqui é tornar a educação financeira trazida pelo orçamento uma questão de hábito. Ao mostrar para seus filhos que dá certo, que vale a pena, estará criando adultos mais responsáveis, que conseguirão ter uma vida financeira saudável e poderão realizar seus sonhos.

Esperamos que você tenha gostado dos nossos textos sobre orçamento familiar e que o conteúdo possa ajudar a sua a família a ser ainda mais organizada em relação a dinheiro. Se tiver alguma dúvida ou sugestão, é só deixar um comentário. E, claro, siga acompanhando o nosso blog!

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