Orçamento pessoal

Já fizemos um ensaio sobre orçamento pessoal em outro texto aqui do blog. Nele, o objetivo foi mostrar como usar a nossa planilha de finanças pessoais para fazer o controle das suas receitas e despesas de forma geral. Hoje, vamos falar especificamente do orçamento pessoal, desde o seu conceito até como fazer uma gestão orçamentária eficiente. Você vai ver que não é nenhum bicho de sete cabeças e nem se trata de um assunto restrito ao ambiente empresarial.

O que é o orçamento pessoal?

O orçamento pessoal pode ser visto como uma ferramenta de planejamento financeiro particular que serve como base para a realização de seus projetos pessoais. Para ter um bom planejamento, é necessário:

  • Saber onde se quer chegar;
  • Ter uma visão de futuro e de realização de projetos;
  • Estabelecer metas claras e objetivas.

Por isso, é importante que toda movimentação de recursos financeiros, incluindo todas as receitas, despesas e investimentos, esteja registrada e sistematizada. Assim, é possível prever gastos e organizar as finanças para que permaneçam em equilíbrio. Com isso, você passa a conhecer a fundo sua situação financeira, a saber quais gastos impactam mais a sua renda, a entender seus hábitos de consumo e a se preparar para situações imprevistas, quando elas surgirem.

Não há nenhum mistério com o conceito de orçamento pessoal, mas entendemos que ninguém é obrigada a saber de tudo o que estamos falando. Afinal, como também já discutimos aqui no blog, a educação financeira no Brasil não é algo que vem do berço, infelizmente. Não há uma cultura de planejar os gastos, acompanhar as receitas ou fazer investimentos de longo prazo. Quando muito, as pessoas fazem um poupança com o dinheiro que sobra no fim do mês.

Então, o que devo fazer para ter um orçamento pessoal?

Para facilitar toda esse início de planejamento financeiro, vamos começar com uma reflexão quase filosófica sobre o seu dinheiro. Pergunte-se: de onde vêm e para onde vão os meus recursos financeiros? Brincadeiras à parte, por mais que pareçam questões simples, ainda tem muita gente que não consegue reunir todos os ganhos e gastos que tem ao longo de um mês.

Os ganhos

Vamos começar pelos ganhos. Normalmente, eles são o resultado do trabalho que você realizou, mas nem sempre se resume ao salário. Ele também pode vir por meio de comissões de vendas, diárias, honorários, pró-labore, faturamento de prestações de serviços, vencimentos, subsídios e entre outros.

Vamos pegar o caso de um homem que trabalha no primeiro turno de uma indústria de segunda a sexta-feira com carteira assinada. No restante da tarde e início da noite durante a semana, ele complementa o salário rodando como Uber. Dois fins de semana por mês, ajuda na pizzaria do primo como garçom e recebe um percentual das vendas. Além de tudo isso, ainda recebe um pequeno valor de aluguel de um imóvel deixado como herança pelo avô. Isso significa que ele tem quatro fontes de ganhos, sendo duas fixas (salário e aluguel) e duas variáveis (Uber e pizzaria).

Os gastos

Agora vamos aos gastos, que geralmente é a parte mais difícil, pois boa parte da população não consegue identificar de forma clara para onde vai o seu dinheiro. Aqui, o ideal é separar as despesas por grupos, igual tem na nossa planilha de finanças pessoais, que você pode baixar clicando na imagem abaixo:

Em habitação, você pode colocar o aluguel ou a prestação do imóvel, a energia elétrica, o gás, os tributos (IPTU e taxa do lixo), a água, o condomínio (se pagar) e até mesmo o supermercado, pois faz parte das despesas da casa. Na alimentação, vão os gastos fora de casa, como almoços, lanches e jantares. Se comer fora não é um hábito, o valor pode entrar como lazer, que inclui também o cinema, um passeio ou uma viagem.

Há também os gastos com saúde, que envolvem tanto as idas ao médico ou o pagamento do plano de saúde quanto a compra de remédios, mas também pode incluir a parcela da academia ou as sessões de pilates, por exemplo. E as despesas com educação, na qual entram as mensalidades do colégio, do curso de idiomas, das aulas particulares e até de práticas esportivas.

Tudo o que citamos até agora é identificado com facilidade. Porém, há alguns detalhes que não nos damos conta e podem acabar furando o nosso orçamento pessoal. Dois deles são sempre alvo de muitas reclamações: a anuidade do cartão de crédito e a taxa de manutenção da conta bancária. Há casos em que esses valores podem chegar facilmente a R$ 100 por mês.

Também há aqueles em que, mesmo gastando, acabamos não registrando como gasto, como a água comprada na rua, o brigadeiro vendido pela colega de trabalho e até aquela ajuda dada ao malabarista do semáforo. Pode parecer besteira, mas R$ 1 aqui, R$ 2 ali, um dia, dois dias, a semana toda, pode virar um verdadeiro ralo para suas economias.

Um teste para se ter noção do quanto é gasto sem nos darmos conta é guardar os trocadinhos que costumamos gastar. É bem simples: todas as vezes que você pensar em comprar alguma coisa dessas que falamos, pegue o dinheiro e guarde em um potinho, que deve estar sempre com você, para não ter desculpa. Em uma semana você já vai conseguir ter uma noção do dinheiro que gasta sem perceber.

Não estamos dizendo para você ser mesquinho, não é isso. O nosso objetivo é que você tenha controle sobre as suas receitas e despesas. Digamos que o homem do nosso exemplo reserve todo o dinheiro que ganha com o Uber para momentos de lazer. Isso é ótimo, com certeza. No entanto, ele tem que deixar claro para si mesmo que por se tratar de um ganho variável, não pode contar com o dinheiro antes de ganhar. Caso contrário, pode fazer um rombo no seu orçamento pessoal.

Como fazer a gestão do orçamento

Antes de mostrarmos como construir o seu orçamento pessoal ― tema do nosso próximo texto ―, vamos nos adiantar um pouco e apresentar como fazer a gestão do seu orçamento. E não se preocupe se você nunca controlou suas receitas e despesas, pois sempre é hora de começar.

O que você precisa ter em mente é que o seu ponto de partida pode apresentar três situações: ser deficitário, quando as os gastos superam os ganhos; equilibrado ou neutro, quando as despesas são iguais às receitas; ou superavitário, quando os ganhos são maiores que os gastos. A meta da sua gestão deve ser sempre manter o orçamento superavitário, ou seja, o ideal é sempre sobrar dinheiro no fim do mês.

Se isso ainda não acontece, é a própria gestão do orçamento pessoal que vai fazer você chegar lá. Ao registrar todas as receitas e despesas, você vai conseguir ver para onde está indo o seu dinheiro e, com isso, reorganizar os gastos. Digamos que o homem do nosso exemplo, ao colocar tudo no papel, percebeu que estava gastando mais com lazer do que ganhava no Uber, precisando tirar dinheiro do seu salário para cobrir os extras, comprometendo o pagamento das contas fixas.

Para reverter a situação, então, ele resolve frear um pouco seus passeios e adiar em três meses a viagem que tinha marcado. Com isso, ele consegue quitar as despesas com lazer que já fez com o dinheiro do Uber e ainda guardar o dinheiro necessário para viajar sem precisar tirar de outra fonte de renda.

E se o meu orçamento pessoal for superavitário, o que eu faço? A resposta é simples: cultive o hábito de poupar. Você pode começar, sim, guardando aquilo que sobra no fim do mês, mas deve evoluir até chegar ao ponto desse dinheiro ser separado antes do pagamento de qualquer despesa. Você pode aplicar em qualquer investimento, como poupança, previdência privada, CDB, ações, títulos do governo, enfim, o importante é que essa aplicação se torne um compromisso.

Agora, você até pode encarar esse investimento como uma despesa ― e ele realmente vai entrar no seu orçamento como uma despesa ―, porém, é preciso olhar para ele em longo prazo. Você não está gastando, está poupando, ou seja, todo esse dinheiro vai retornar para você no futuro. E o melhor, com juros e correção monetária. Mas isso é um assunto para outro texto da nossa série, então não vamos nos aprofundar agora.

Esperamos que você tenha entendido a importância do orçamento e como ele é a ferramenta ideal para ajudá-lo a ver de onde vem o seu dinheiro e para onde vai, facilitando assim a tomada de decisões sobre o que gastar e o que poupar. Siga acompanhando nosso blog e a série sobre educação financeira, pois ainda temos muito o que falar o assunto. E fique à vontade para compartilhar todo esse conhecimento com seus familiares e amigos.

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