Já no primeiro trimestre de 2009, os bancos brasileiros poderão estar recuperados dos efeitos da crise financeira mundial. O mercado de capitais, no entanto, necessitará de um trabalho maior de rearticulação de todos os elementos envolvidos.

A avaliação é do presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Alfredo Neves Penteado Moraes, que falou no dia 1º, em São Paulo, sobre o desafio de recuperar a confiança do investidor no mercado.

Moraes acredita que essa reconstrução se dará, basicamente, por meio de bancos de investimento fortes “que possam capitanear a junção de todo esse conjunto de pessoas que trabalham na área, como os administradores de contas”. A idéia é “remontar toda essa indústria que, mais ou menos, se perdeu e se centrava em cima desses ganhos de bancos de investimento”, explicou.

O presidente estima que o setor se recuperará em dois anos pelo menos. “Estamos falando de alguma coisa para o final de 2009 ou começo de 2010. Isso, na medida em que a gente consegue construir um ambiente de menos volatilidade e mais previsível. Ou seja, que os prognósticos comecem a bater com a realidade”, indicou.

O cenário traçado pelo Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Andima é conservador em relação ao próximo ano. O economista Marcelo Salomon, presidente do comitê, informou que o primeiro gargalo a ser vencido vem da economia global e diz respeito a que tipo de desaceleração vai acontecer e quanto tempo vai durar. “Isso vai limitar o influxo de capital que vem para o Brasil, que passa para o segundo gargalo, que é o financiamento das contas externas brasileiras”.

Salomon analisou que se o país conseguir ter um financiamento adequado, o câmbio não vai se depreciar tanto. Mas, se, ao contrário, o financiamento das contas externas do Brasil se torna muito difícil, o câmbio se deprecia mais. “E aí, o grande gargalo brasileiro fica sendo a taxa de crescimento”. Pelas projeções do comitê, o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, tenderá a se reduzir de 5,2%, estimados para 2008, para 2,7% em 2009.

O economista advertiu, entretanto, que a tendência é de retomada. Ele disse que a percepção dos economistas que integram o comitê é de que “em 2009, a gente chega com uma desaceleração bastante forte e parte para o rumo de uma reaceleração de crescimento ao longo de 2010”.

Os cenários traçados pela Andima indicam que a taxa de juros básica (Selic) fechará o mês de dezembro deste ano a 13,75% ao ano. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tende a encerrar 2008 com taxa em torno de 6,36%, caindo em 2009 para 5,40%. Antes da crise se aprofundar, a previsão era de uma inflação de cerca de 4,9% para 2009.

Para o saldo da balança comercial, o comitê projeta uma média, em 2009, de US$ 10,2 bilhões, contra US$ 24,3 bilhões, em 2008. O investimento externo direto deverá cair de US$ 35,9 bilhões para US$ 24,2 bilhões no próximo ano.

Agência Brasil / Alana Gandra

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