“Além de reduzir a renda do brasileiro, a burocracia (…) joga micros e pequenos empresários para a informalidade que no Brasil atinge 40% do PIB.”

Quanto custa para um município ter que deslocar seus representantes até Brasília para conseguir os recursos necessários para educação, saúde ou qualquer outro tipo de serviço público? Incontáveis são as viagens, inúmeros os gastos, imensos os desgastes apenas para cumprir com a burocracia instalada. O burocrata que administra o feudo administrativo é senhor do seu pequeno império e incapaz de decidir a favor do que é racional, porém contra seu sistema usual de trabalho. Estudo da FIESP comparou a burocracia do Brasil com a de 12 outros países e concluiu que a renda do brasileiro poderia ser quase 20% maior se não fosse por conta dos gastos com a burocracia.

Circula na internet um vídeo indiano, Leed India-Tree, sobre o transtorno que uma árvore atravessada no caminho causa para uma população. Como a pedra no caminho do poeta Carlos Drummond de Andrade. Trânsito parado, chuva caindo, ninguém se mexe. Caos total. Enquanto soam as buzinas e xingamentos são ouvidos, os policiais, que deveriam manter a ordem pública, ignoram solenemente a confusão. Dormem na viatura enquanto esperam que alguém resolva o que deveriam resolver.

O foco recai sobre um menino. Franzino, pequeno, mas dotado de uma visão que só as crianças possuem, começou a tentar mover a imensa árvore contando com a força de seus frágeis braços. Em pouco tempo, a população se tocou com o gesto da criança e uma legião de braços conseguiu tirar a árvore do caminho. Com seu gesto, a criança passou uma tremenda mensagem: para mudarmos uma situação adversa, instalada culturalmente e que afeta toda a sociedade, tudo que precisamos é de atitude. A atitude de querer mudar.

Desde os tempos de Hélio Beltrão que o Brasil não faz carga contra esse mal cultural. Além de reduzir a renda do brasileiro, a burocracia, com seu excesso de impostos, alíquotas altas e sistema complicado de acesso empresarial, joga micros e pequenos empresários para a informalidade que no Brasil atinge 40% do PIB, contra 16,5% dos países constantes do estudo da FIESP. Ou seja, o Brasil poderia ser mais opulento economicamente e justo socialmente se reduzisse a burocracia.

Reduzir burocracia é questão de atitude. Em Santa Catarina, o registro de empresas na Junta Comercial, que antes levava 60 dias para ser concluído, hoje pode ser feito em segundos. Que tal começar por uma reforma tributária que reparta de forma mais justa o bolo de tributos federais para os municípios?

* Paulo de Tarso Guilhon é economista, ex-presidente do Corecon-SC e atual Conselheiro Efetivo da entidade.

** Este texto foi publicado originalmente em www.economiasc.com.br e extraído do site do Cofecon.

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