O avanço da exclusão social no desenho urbano de nossas grandes metrópoles é algo já conhecido por muitos dentro e fora do Brasil. E que infelizmente avança de forma arrasadora, afinal de contas, nos últimos anos deixou de ser algo específico da concentração urbana em grandes cidades, mas caminhando um pouco pelo interior do país veremos que esta realidade abrange municípios de todos os portes. Enfim, esta é uma realidade já bem conhecida por nós brasileiros e que buscamos diariamente possíveis soluções.

Por incrível que pareça, na última semana, fomos surpreendidos pela divulgação em tom de festa, feita pelo governo da elaboração de um plano de construção de 1 milhão de moradias populares em todo país. O objetivo principal seria subsidiar para as famílias de baixa renda o sonho da casa própria. Imediatamente, críticos em todo o país começaram a analisar até que ponto será real e efetivo o projeto, assim como até que ponto o mesmo está sendo mais uma jogada de marketing político para iniciar o ano eleitoral. Estão sendo questionados o cronograma temporal, a infra-estrutura inexistente que serrá necessária para servir de suporte as novas moradias, o orçamento também inexistente no caixa do governo entre outras coisas.

Porque falo da existência da surpresa diante da notícia. Nos últimos anos, vivenciamos um governo que em todo o tempo fez um marketing de um país fortalecido contra a atual crise, firmado na “igualdade” através de programas sociais. [Nada contra a execução dos programas sociais em andamento, pois são necessários]. Porém, pensando um pouco mais no cenário em questão, para mim uma coisa é certa, finalmente o governo revelou, mesmo que entre linhas, que tem consciência plena da imensidão da exclusão social no seio urbano do Brasil e o enorme déficit habitacional no país. Afinal, se planeja construir 1 milhão de moradias, é porque no mínimo existe 1 milhão de famílias que necessitam urgentemente de medidas de intervenção social.

Em um momento como este, onde o Estado revela ter consciência da real demanda de sua sociedade, é que nós cidadãos devemos agir de forma a buscar novas formas de regulação desta enorme desigualdade. Esta é raiz da proposta de uma economia solidária presente e ativa. Em que os projetos elaborados e executados vinculam-se exclusivamente no atendimento de necessidades vividas localmente pela sociedade. Diferente, do que busca suprir o mercado, através de sua especulação de auto-regulação entre demanda e oferta [a crise esta revelando que não é possível] ou um Estado “marketeiro”, que planeja superficialmente projetos para o bem-estar social, mas com o objetivo de se auto-promover politicamente deixando de lado o principal objetivo, a demanda da sociedade.

Enfim, estamos diante de mais uma oportunidade de convergir as articulações nas dimensões sociais, econômicas e políticas para trazer a realidade uma proposta visando saciar a demanda da sociedade. Se o governo assinalou com a luz verde, vamos levantar e fazer prevalecer os direitos de cidadão e regular a prática e execução deste projeto.

João Baptista – http://concepcoeseconjunturas.blogspot.com/
jbaptistmj@gmail.com

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