Navios ficam até 16 dias esperando para receber cargas por falta de infraestrutura nos portos, diz MDIC.

A supersafra de grãos que está sendo colhida no Brasil tem revelado uma situação preocupante na logística do país. Caminhoneiros estão esperando até 26 horas em filas que chagam a 30 km nas estradas que dão acesso ao porto de Santos, o maior da América Latina, até terem a carga liberada. O terminal está com a capacidade de receber carregamentos comprometida e até os navios estão sendo prejudicados, num ciclo que está trazendo prejuízos na ordem de R$ 115 milhões, somente para os agentes marítimos, segundo o Sindicato das Agências de Navegação Marítimas do Estado de São Paulo (Sindamar).

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2012 as embarcações ficaram até 90% da estadia inoperantes. Ou seja, das horas totais que os cargueiros ficaram parados, quase a totalidade foi de espera para atracar. No ano passado, a estadia média foi de 18,7 dias para efetuar um carregamento de milho. Desse total, 16,3 dias foram de espera: 87,4% do tempo inoperantes.

E o problema não é só no porto de Santos. Em Salvador as embarcações registraram estadia média de 45,7 horas para carregar ou entregar contêineres, mas ficaram inoperantes por 33,8 horas, em média: 74% do tempo total. No porto de Paranaguá, no Paraná, o tempo médio de espera no ano passado foi de 25,2 horas, 61,6% de uma estadia média total de 40,9 horas.

Enquanto mais os navios demoram a serem carregados ou descarregados, mais demora para extinguir as filas das estradas.

Com o objetivo de organizar a liberação dos carregamentos, na cidade de Cubatão, vizinha de Santos, existe dois pátios onde os caminhoneiros estacionam para esperar a liberação da carga. Mas além da diária ser cobrada, os profissionais reclamam da estrutura dos locais. Segundo eles, quando chove, a lama e as poças d’água impossibilitam descer do caminhão para, por exemplo, preparar uma refeição.

Embora a impressão seja de que existem caminhões demais na estrada, segundo os produtores rurais está faltando veículos para o transporte da mercadoria. Se tivesse a quantidade necessária para todo o escoamento, a situação estaria ainda pior, visto que o transporte rodoviário é o principal meio de distribuição da produção. Em 2012, de toda a mercadoria que passou no porto de Santos, 80% veio das estradas e somente 20% por meio das ferrovias.

Em 2013, segundo a Companhia Docas de São Paulo (Codesp), a movimentação de caminhões foi 49% superior em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado. E mesmo a capacidade do maior terminal da América Latina de receber sete navios simultaneamente não será suficiente para comportar o aumento de 8,5% na movimentação de cargas, segundo as projeções da administração do porto para este ano.

“Não basta você ter terminais modernos, obras de aprofundamento de canal, enfim, trabalhar dentro da melhor tecnologia se você não tiver uma acessibilidade compatível com esse desenvolvimento”, disse ao Globo Rural o presidente da Codesp, Renato Barco.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior, as consequências desse elevado tempo de ócio de caminhões e navios são a redução das margens de lucro, além de acarretar prejuízos, inviabilizar negócios e comprometer a competitividade brasileira por encarecer os produtos exportados.

Em audiência pública no Senado na última quarta-feira, 20, o ministro da Secretaria de Portos da Presidência da República, Leônidas Cristino, afirmou que, se não houver investimento na ampliação dos portos, o Brasil não vai ter condições de atender toda a demanda já a partir de 2015, quando a movimentação dos terminais brasileiros deve superar a capacidade atual, que é de 370 milhões de toneladas por ano.

Com informações do portal G1 e do Globo Rural.

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