Daniel Lau*

“Um dos integrantes do bloco dos BRICs, junto com a China, o Brasil precisa se preparar para enfrentar essa nova realidade chinesa, com inúmeras oportunidades inéditas se abrindo.”
“Um dos integrantes do bloco dos BRICs, junto com a China, o Brasil precisa se preparar para enfrentar essa nova realidade chinesa, com inúmeras oportunidades inéditas se abrindo.”

É válido pensar que a economia chinesa caminha para se consolidar e afirmar seu lugar de destaque nas próximas décadas. Um grande passo para o desenvolvimento galopante do país se deu em 1978, quando foi realizado o Terceiro Plenário do 11º Comitê Central da China, que teve como tema central o início da reforma e abertura da economia e começaram a ser aplicadas as medidas de liberalização controlada e gradual de mercados no gigante asiático.

Agora, mais recentemente, em novembro de 2013, com a realização do Terceiro Plenário do 18º Comitê Central da China, foram definidas as metas para os próximos dez anos de reforma e abertura da China. A liderança chinesa entende que, nesta nova fase de desenvolvimento do país, não há outro caminho a não ser uma reforma contínua. O sentimento é de que é necessário manter o ritmo das mudanças que teve início há 35 anos.

Caso alguém pretenda usar uma única palavra para descrever este Terceiro Plenário, seria “reforma”. Inclusive, a frase usada no comunicado que resume o objetivo do encontro foi “Reforma abrangente e profunda”. Esta palavra é mencionada 59 vezes no documento, mais do que foi utilizado nos comunicados dos dois plenários anteriores combinados. As mudanças propostas são pujantes e incluem as áreas econômica, política, social, cultural e ecológica.

Uma das medidas mais marcantes e que vai gerar importantes oportunidades para empresas chinesas e estrangeiras, foi estabelecer um mecanismo de preços que será determinado pelo mercado. Ou seja, o valor de serviços e produtos como água, gasolina, gás, eletricidade, transportes, telecomunicações, entre outros, serão gradualmente determinados pelas regras de mercado, que irá desempenhar um papel decisivo na alocação de recursos.

Além disso, o texto indica uma maior liberalização do setor financeiro, já que é mencionada no documento uma reforma específica para o setor bancário, taxas de juros, controles da conta de capital, dentre outros, sinalizando remoções das barreiras de entrada para o capital privado na China. O documento, inclusive, afirma que “o setor financeiro deve ser mais aberto para os investidores internos e externos”.

Outro ponto a se destacar diz respeito aos projetos de urbanização mais sustentável e reforma em áreas rurais, já que foi sinalizado um pacote mais abrangente e agressivo referente à reforma rural e urbanização.

É razoável acreditar que dentro de uma década teremos um novo cenário no mercado chinês com o capital privado desempenhando um papel  mais importante em novas áreas do país, como, por exemplo, serviços bancários, infraestrutura, instalações médicas e hospitais. Isso aliado ao crescente número de dezenas de milhões de pessoas ascendendo à classe média irá ajudar na formação de um cenário inédito de crescimento interno chinês.

Neste cenário, a China nos próximos anos irá gerar várias oportunidades para empresas que buscam internacionalização ou consolidação no mercado mundial. Um dos integrantes do bloco dos BRICs, junto com a China, o Brasil precisa se preparar para enfrentar essa nova realidade chinesa, com inúmeras oportunidades inéditas se abrindo. Para aproveitar esta ocasião favorável é fundamental que o empresariado brasileiro conheça o país asiático, a dinâmica da sua economia, seus costumes, sua cultura, suas prioridades, enfim, esteja preparado para maximizar o retorno de seus investimentos.

Com base nos sinais apresentados, é muito provável que mais uma nova década de ouro na China esteja começando, com as portas abertas para as empresas brasileiras que estiverem bem preparadas.

* Daniel Lau é diretor da Prática Chinesa da KPMG no Brasil.

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