“A sustentabilidade aqui no Brasil é uma noção mais recente, mas muitas pessoas já estão percebendo que nosso planeta é um planeta finito.”
“A sustentabilidade aqui no Brasil é uma noção mais recente, mas muitas pessoas já estão percebendo que nosso planeta é um planeta finito.”

 

Na sexta-feira, 05 de junho, foi o dia internacional do meio ambiente e se existe uma tendência na economia que com certeza não é uma moda passageira é a do desenvolvimento sustentável. Continuar crescendo, mas abandonando certas maneiras de exploração do planeta Terra e repensando métodos de produção e rotinas de trabalho são quase obrigações de empresas que pensam em continuar no mercado por muito mais tempo.

De olho nesta demanda internacional, a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC) lançou, na semana passada, a Agenda Sustentável de Santa Catarina, uma iniciativa que pretende difundir os conceitos de sustentabilidade entre as empresas de todos os portes em SC.

Na Expogestão, momentos antes do lançamento oficial do programa, no dia 28, o blog O Economista entrevistou Mário Sérgio Zilli Bacic, o vice-presidente sócio empresarial da FACISC, sobre os temas relacionados à Agenda Sustentável.

O Economista – Você pode explicar com usas palavras como vai funcionar esta agência da FACISC sobre sustentabilidade?

Mário Sérgio Zilli Bacic – A FACISC vai estar lançando hoje esta agenda sustentável. Ela vai funcionar com workshop, com palestras etc. Teremos duas empresas explicando tanto a parte de marketing quanto na parte pragmática. Mas o primeiro estágio é de conscientização.

E – Sustentabilidade é a palavra do momento. Diversas empresas, não só indústrias, estão investindo realmente nisso. Como você vê o cenário brasileiro neste momento?

MS – Eu não considero bem uma palavra de modismo, mas ela pode ser considerada isso por muitas pessoas. A questão começou a ser discutida há sete ou oito anos atrás com a questão de responsabilidade social. E quando as pessoas começaram a tomar consciência da responsabilidade social, da importância de se fazer uma série de ações envolvendo as pessoas e tudo o mais, começou a perceber-se também que as pessoas estão inseridas dentro de um contexto, que seria o meio ambiente e o nosso planeta. E a questão de sustentabilidade está dentro deste contexto. Quando você começa a se preocupar com as pessoas, você começa a se preocupar com isso, ou seja, as pessoas vivem dentro deste planeta.

A sustentabilidade aqui no Brasil é uma noção mais recente, mas muitas pessoas já estão percebendo que nosso planeta é um planeta finito e as pessoas estão começando a se conscientizar de que realmente nós temos limites. Então nós temos que começar a nos preocupar com meio ambiente, com relação aos insumos etc e perceber que não são fontes inesgotáveis como se pensava há muitos anos. O Brasil está um pouco atrás nesse processo, mas existe muita gente preocupada já mais tempo e a FACISC já percebeu isso também. E estamos começando a trabalhar com isso mais intensamente a partir do lançamento teste programa.

E – Existe muito imediatismo na parte de investimento tanto de empresários quanto de outros investidores. Como você vê que a FACISC deve mostrar que isso terá algum retorno para as empresas, fora este retorno universal de sustentabilidade e ajuda ao planeta?

MS – Em princípio, a FACISC é uma entidade que representa empresas de grande porte, de médio porte, de pequeno porte e microempresas. As empresas maiores tem um nível de informação muito mais elevado. Então, o que nós procuramos fazer, é levar este nível de consciência para as pequenas, micro e médias empresas também. Pois as grandes já perceberam isso. Que existe uma possibilidade de ganho muito grande. Temos vários cases aqui em Santa Catarina, que é um dos estados pioneiros no lançamento desse programa. Então, a ideia é, através destes cases, mostrar para as empresas menores que cada um de nós pode sim, fazer a sua parte, mas ter rentabilidade também. Não só para as grandes, mas também para as médias, pequenas e microempresas também terem os resultados esperados. Muito embora, todos queiram ter as soluções no imediatismo, é um processo. A gente vai iniciar esse processo agora, temos muitos cases de grandes empresas, mas também temos cases pontuais de pequenas e médias empresas. A ideia então é compartilhar com todos, as experiências que estão ocorrendo a nível de Santa Catarina e do Brasil também.

 

E- O conceito de sustentabilidade defendido pela FACISC é baseado no tripé: ambiental, econômico e social. As partes ambiental e econômica são mais claras e fáceis de entender, mas qual é o peso da parte “social” nesse programa?

MS – O social, eu acredito que é um dos pesos mais importantes, porque ele está envolvendo principalmente as pessoas. Inclusive o começo de toda a preocupação foi com o lado social. O ambiental e o econômico vieram em sequência. O tripé realmente é esse, mas o principal é o ser humano, no processo.

E – Qual o papel do governo em tudo isso? Ele tem feito o papel dele na parte socioambiental voltada para o desenvolvimento ou falta alguma coisa?

MS – Eu acho que falta muita coisa. Quando alguém me pergunta referente a governo, eu gosto de deixar bem claro que não tem nada a ver com partido político ou o momento que estamos vivendo hoje etc. Nós temos uma burocracia absurda. Então, independente do partido que esteja no poder ou de qualquer coisa nesse sentido, nós temos demora muito grande de respostas às necessidades eminentes. Muita coisa poderia ser feita de uma maneira muito mais rápida e, infelizmente não é o que acontece. Nós temos uma burocracia muito grande, o papel do governo é fundamental, mas tem que ser muito mais ágil. As coisas estão acontecendo e nós temos que ter urgência na resolução dos problemas. E muitos destes problemas tem uma resposta muito lenta. Acho que o principal foco que nós podemos destacar junto ao governo é facilitar. Não só com educação, mas com legislações específicas com agilidade e rapidez que o momento precisa e necessita.

E – Falando de economia, muita gente defende que a solução macroeconômica no momento seria abrir para que empresas estrangeiras venham pra cá e ser um país menos isolado neste sentido, mas existem projetos que levantam algumas questões. Como por exemplo as recentes parcerias com a China para instalações aqui no país, como ferrovias e outros investimentos. Este impacto socioambiental nunca está no anuncio oficial. Você acha que precisa existir um cuidado maior nesse tipo de parceria?

MS – Eu acredito particularmente que sim. Nós [FACISC] não chegamos a discutir muito a fundo essa questão de participação de outros governos e tudo mais, mas é sempre importante fazer uma avaliação um pouco mais profunda quando vêm interesses externos. Eu não acredito que a preocupação da China, por exemplo, seja com o Brasil. Ou se eles estão preocupados ou não com o nosso meio ambiente, com o ecossistema e tudo o mais. Hoje eles têm uma preocupação com o país deles, o que é natural. Se o Brasil tem alguma participação em alguma atividade externa, a preocupação é com o Brasil, a China se preocupa com a China, os Estados Unidos com os Estados Unidos etc. Acho que tem que se tomar um cuidado grande, mas com agilidade.

Esta questão, por exemplo, de criar uma ferrovia transoceânica de ligar o Atlântico ao Pacífico. Isso interessa a quem? Interessa aos brasileiros? Sim. Interessa os peruanos? Também. Interessa aos chineses? Com certeza. Vai afetar muito o meio ambiente? Particularmente eu acho que não. É um espaço pequeno que vai gerar uma série de benefícios para todo mundo. Então, a avaliação do impacto ambiental é importante, mas tem que ser rápida. As decisões têm que ser tomadas de uma maneira muito rápida.

E – Esta agenda sustentável, assim como outros projetos de outras instituições, partiu de uma demanda. Você pode citar alguns bons exemplos de empresas, regiões ou países?

MS – Eu acredito, em termos de países, sem citar empresas e tudo mais, que [por exemplo], a Alemanha tem uma competência muito grande nesta área e inclusive a FACISC tem algumas parcerias com eles, nessa área. A própria Itália, o Japão, os EUA têm grandes exemplos também. Então a gente procura, através desses contatos que nós temos com esses países, trazer metodologias.

Nós temos a Fundação Empreender, em parceria com a Alemanha, onde nós procuramos trazer estas experiências nessa questão também, de treinamentos, visitas técnicas e nesta questão socioambiental. É bastante importante esse contato que nós temos com eles.

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