mercado financeiro

Desde o fim do ano passado, quando a Câmara dos Deputados acatou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, até o dia 31 de agosto, data em que a ex-presidente foi definitivamente afastada do cargo, o Brasil viveu um período de grande turbulência. A crise política atingiu a economia e a consequência foi a instabilidade do mercado financeiro durante os meses de processo. A grande dúvida agora é: como será daqui para frente?

Felipe atua desde 2000 no mercado financeiro (Foto: divulgação)
Felipe atua desde 2000 no mercado financeiro (Foto: divulgação)

Para responder essa pergunta e tentar entender o que nos aguarda, ouvimos Felipe Freitas, trader profissional que atua desde 2000 no mercado financeiro e sócio da FlashTrader, empresa que atua com uma plataforma de negociação no mercado de futuros e na Bovespa. Na avaliação dele, o futuro depende das aprovações das reformas propostas pelo novo governo. “Enquanto isso não acontecer, ficaremos nesse impasse”, avalia. Confira a entrevista na íntegra.

O Economista – Como esteve o comportamento dos investidores até há pouco com a instabilidade política e econômica que o país estava vivendo? As pessoas estavam mais conservadoras?

Felipe Freitas – A gente pode separar o mercado de duas maneiras. Um mais volátil e um pessoal com o pé atrás esperando para ver quando ia acabar essa indefinição, embora fosse quase certo que Dilma sairia. O mercado financeiro estava bem cauteloso, esperando confirmar esse fato político. Mesmo que isso já tivesse sido precificado, muita gente ainda preferiu ver o que realmente ia acontecer.

OE – Com as últimas definições, este comportamento já se alterou ou ainda permanece o mesmo por enquanto?

FF – O mercado ainda está um pouco receoso, não mais por conta do episódio impeachment, mas, sim, pelo que está por vir, como a aprovação de medidas propostas pelo governo no Congresso. Então, o mercado está em cima do ajuste do déficit fiscal, que é o mais importante para começar a andar de novo. Enquanto isso não acontecer, ficaremos nesse impasse e o mercado vai sofrer também, ficando volátil e aguardando uma definição clara de que será tudo aprovado como o governo Federal e a equipe econômica desejam.

OE – Qual é a expectativa para as próximas semanas, meses? De normalidade, cautela?

FF – Eu acredito que vai melhorar. A definição do impeachment vai gerar um fluxo bem positivo para o nosso mercado. Mas isso vai depender do ajuste fiscal. Se isso acontecer, com votação expressiva no Congresso, teremos uma grande entrada de fluxo que vai movimentar preço e mexer o mercado para o lado positivo.

OE – O fato de o novo governo ter o aval de muitas entidades empresariais e do próprio mercado financeiro influencia?

FF – Eu acredito que sim. O ânimo mudou em comparação ao que tínhamos desde o começo do ano e até mesmo em 2015. Os números não mudaram. Conseguimos ver isso quando saem algumas notícias que mostram que a economia não avançou muito. Mas acredito que a expectativa, tanto do empresariado quanto de outros setores, melhorou muito. Então, esse é o primeiro passo para deslanchar e termos um movimento mais positivo e consistente para os próximos meses. Mas ainda precisamos aguardar e ver o que vai acontecer de fato.

OE – Como os investidores podem se comportar daqui para frente?

FF – Quando temos um cenário de instabilidade e incertezas, acabam surgindo algumas oportunidades de empresas que estão com o valor muito baixo e isso atrai capital que estava fora do mercado porque os preços começam a ficar atraentes. Apesar do mercado estar um pouco mais volátil e perigoso, isso acaba gerando alguns momentos nos quais você pode avaliar um ativo com potencial de médio e longo prazo para tomar uma decisão e colher os frutos mais para frente.

OE – Qual a expectativa de que esse governo consiga aprovar as medidas que está propondo?

FF – Tem tudo para dar certo. Se o governo conseguir uma base alinhada com o que deseja, podemos ter um resultado muito interessante. E precisamos pensar lá na frente. Se o ajuste fiscal, as reformas da Previdência e trabalhista passarem, pode contribuir. Não sei se vai conseguir fazer tudo, mas qualquer uma das coisas que aprovar já melhora bastante o cenário e dá um gás para que em 2018 o mercado tenha alguma saída. Com isso, os investimentos acabam voltando.

OE – Diante desse cenário, qual a importância de ter uma ferramenta que ajude o investidor a acompanhar as movimentações?

FF – Com um cenário instável e com muitas incertezas, o mercado fica muito volátil. Nesses momentos, temos que ter uma ferramenta ou uma plataforma de negociação confiável, onde você consiga executar as operações com precisão e velocidade. Esse é um diferencial do nosso produto, pois, além de ser um sistema robusto, é muito rápido. Para conseguir capturar aquelas oportunidades que o mercado dá, que pode ser de um segundo, é necessário ter uma ferramenta adequada para isso. Falar em um segundo pode parecer um exagero, mas, nesse negócio, em um segundo pode acontecer uma mudança que fará toda a diferença.

OE – Como funciona a ferramenta da FlashTrader?

FF – Nós temos uma plataforma de negociação voltada para o mercado financeiro brasileiro, que atende o mercado de futuros e a Bovespa. É uma ferramenta conectada a uma ou mais corretoras pelas quais é possível observar as movimentações do mercado para executar compras e vendas.

OE – Por que ela é mais eficiente do que acompanhar diretamente?

FF – Nos sites, geralmente existe um delay, ou seja, as cotações não são em tempo real. Dependendo do site, o atraso pode chegar a 15 minutos, o que faz muita diferença. No período da tramitação do impeachment, tinha algo novo acontecendo a cada um ou dois minutos. Se você não está preparado e não tem uma ferramenta para tentar reagir a essas notícias, corre um risco grande de ficar para trás.

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