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Crises econômicas caracterizam-se por serem momentos de extrema dificuldade. Mas, por outro lado, também podem representar uma oportunidade. Com o aumento das demissões, muitas pessoas encontram no empreendedorismo uma nova forma de obter renda. Com isso, as franquias, por trataram-se de negócios consolidados, crescem. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que o faturamento do setor subiu 8,3% em 2015, chegando a R$ 139,5 bilhões.

O número de unidades também aumentou, com acréscimo de 10,1%, passando de 125.641 em 2014 para 138.343 no ano passado. Esse movimento acompanhou o acréscimo na quantidade de redes franqueadoras, que saltou de 2.942 para 3.073, registrando um incremento de 4,5%.

Para 2016, essa tendência positiva deve ser mantida. Nos primeiros três meses, o crescimento nominal subiu 7,6% e o faturamento chegou a R$ 33,709 bilhões. O número de unidades foi para 141,2 mil, com uma expansão de 2,9% na comparação anual. Ainda no primeiro trimestre, 108 novas marcas nasceram no mercado.

Outro dado que mostra a força das franquias em meio à crise está relacionado à sobrevivência dessas empresas. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de cada dez empresas que abrem no Brasil, oito fecham as portas antes de completar cinco anos de atividade. Enquanto isso, no setor de franquias, de cada dez, apenas 1,5 fecham.

Segmentos de franquias

O segmento com o maior número de franquias é o de negócios, serviços e outros varejos, com 21,1% do total. Depois vem o de alimentação, que concentra 20%, seguido de esporte, saúde, beleza e lazer, com 18%. A lista ainda tem vestuário (7,4%); hotelaria e turismo (7,3%); acessórios pessoais e calçados (7,1%); educação e treinamento (6,6%); casa e construção (5,1%); veículos (3,5%); comunicação, informática e eletrônicos (3%); e limpeza e conservação (0,9%).

Em termos de aumento no faturamento entre 2014 e 2015, o segmento que mais cresceu foi o de acessórios pessoais e calçados, apresentando um incremento de 12%. Na outra ponta do ranking, o único setor que registou perda foi o de casa e construção, que recuou 2,3%. O tombo é maior se pensarmos que, em 2014, havia crescido 17% e conquistado o terceiro melhor desempenho.

Tendências

Nos próximos 12 meses, seis em cada dez franquias que serão abertas no Brasil estarão na área de saúde, beleza e alimentação, segundo um levantamento feito pela ABF, com base no estoque de contratos fechados nos três primeiros meses deste ano.

Dos 5.230 novos contratos de franquia entre as redes associadas da ABF firmados este ano, 1.924 (36,2%) foram de empresas dos setores de esporte, saúde, beleza e lazer. Depois vem o segmento de alimentação, com 1.182 contratos.

São Paulo domina o setor de franquias

Olhando por estados, o domínio de São Paulo é bastante amplo, com a concentração de 53,3% das redes franqueadoras. Em segundo lugar está o Rio de Janeiro, com 11,4% e, em terceiro, o Paraná, com 7,8%. Acima de 2% ainda tem Minas Gerais (5,8%). Rio Grande do Sul (4,6%), Santa Catarina (4,3%) e Pernambuco (2,2%).

Por unidade, São Paulo tem 37,5% do total, seguido do Rio de Janeiro, que tem 11%. Na sequência, vem Minas Gerais (8%), Paraná (5,8%), Rio Grande do Sul (5,2%), Bahia (4,1%), Santa Catarina (3,9%), Pernambuco (3%), Goiás (2,8%), Distrito Federal (2,5%), Ceará (2,2%), Espírito Santo (1,8%) e Pará (1,8%).

Marcas brasileiras estão em 60 países

As marcas brasileiras de franquias estão presentes em 60 países, sete a mais que em 2014. A maior parte delas, 37, está nos Estados Unidos. O segundo país com maior presença é o Paraguai, com 25, seguido do Canadá, com 21. Mas a participação de mercado se estende aos outros quatro continentes.

Dos países com franquias presentes no Brasil, os Estados Unidos vêm em primeiro, com 40% de participação. Em segundo, está Portugal, com 14%, e Argentina, que soma 9%. Depois, tem outros países, como Espanha, Inglaterra, Canadá e Itália.

Mercado amadurecido

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Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF, aponta os fatores que levaram ao crescimento do setor (Foto: Tâmna Waqued/Fiesp)

Existem três fatores que motivaram o crescimento das franquias em tempos de crise, segundo Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF. Um deles é justamente o crescimento acumulado da economia até 2013, que provocou melhora na renda de muitos brasileiros, o crescimento de pequenas e médias cidades e o aumento de oportunidades para franquias em bairros mais distantes.

Outro aspecto é o amadurecimento do mercado de franquias, que ganhou força no fim da década de 1980, tornando-se um setor experiente e gerando um sistema de sucesso, com destaque em todo o mundo. “Existe a capacidade de se reinventar em tempos de crise econômica”, destaca Tieghi.

O terceiro motivo apontado pelo diretor da ABF é a necessidade do brasileiro de empreender, ainda mais com o aumento de demissões verificado em 2015. “É uma modalidade segura e, para quem ficou desempregado, traz uma garantia maior”, ressalta.

O percentual de falência de franquias antes de um ano de funcionamento não chega a 5%. Isso porque o planejamento do franqueador costuma ser feito a médio e longo prazo. “Ainda que exista um problema, o negócio é preservado, passado para outro franqueado”, explica Tieghi.

Muitas franqueadoras também estão se reorganizando as redes e empoderando os investidores. Com isso, quem já é franqueado está assumindo novas unidades da marca, o que acaba se tornando uma vantagem para a empresa, pois é alguém que já conhece bem o negócio.

Fenômeno da microfranquia

Por exigirem investimentos mais baixos, de até R$ 80 mil, as microfranquias acabaram se tornando uma grande opção para quem está desempregado, até porque oferece uma remuneração parecida com a que a pessoa recebia quando era assalariada e trabalhava em uma empresa.

De acordo com a ABF, em 2011 havia 336 redes classificadas como microfranquias no país. Em 2012, o número passou a 368, uma alta de 9,5%. No ano de 2013, o total de microfranquias atingiu 384, crescendo 4,3% e, por fim, em 2014, chegou a 433, com crescimento de 12,8% ante o ano anterior. A entidade ainda não fechou os dados de 2015.

Nas outras duas partes da reportagem apresentaremos cases de franquias e falaremos sobre como montar uma franquia e os cuidados a serem tomados.

Confira as duas outras partes da série:

Empreendedores que enfrentaram a crise para investir em franquias

Saiba como adquirir uma franquia e quais são os cuidados necessários

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